Este trabalho tem a finalidade de compreender a construção das representações do sertão na série Retirantes de Cândido Portinari produzidas no século XX, em diálogo com três telas do século XXI, pintadas pelo artista paraibano, Thales Kelven. Entendemos ao selecionar as obras dos dois artistas que a arte como fonte histórica, especificamente à pintura, não é neutra. Ela é produto de um contexto social e político. Assim, no campo metodológico, utilizamos o método de análise de conteúdo das imagens de Peter Burke, por ser um método que analisa as informações contidas nas pinturas. Neste caso, o que importa é o conteúdo e não discutir a técnica presente nas obras. Podemos constatar, como primeiros resultados, que as representações construídas pela arte de Cândido Portinari e Thales Kelven são concepções formadas a partir de suas sensibilidades sobre o sertão, geridas pelo lugar de fala e das influências culturais, sociais e políticas de cada artista. Percebe-se também a influência que a arte exerce na construção ou no reforço de estereótipos sobre o sertão nordestino, ao mesmo tempo que pode desconstruir imagens e discursos instituídos ao longo do tempo. Portanto, o sertão que se apresenta pela leitura das telas é um sertão de contrastes construído pelo olhar artístico, investido de sentidos distintos no espaço temporal estudado.
Palavras-chave: Sertão. Pintura. Representações.