A comunicação pretende examinar o tema da propriedade das águas e recursos minerais, em perspectiva teórica e relativa aos métodos de pesquisa. Considerando estudos de caso sobre empreendimentos envolvendo a exploração desses recursos, essa abordagem obriga a indagações que transcendem as fronteiras “nacionais”, enfocando a presença de instituições e pessoas – como os empresários, engenheiros, técnicos e políticos implicados na formulação das políticas para a exploração das águas e de minérios –, e disputas e negociações de atores situados em diferentes países. A ênfase em tais processos e eventos – sem desconhecer a centralidade da esfera propriamente “nacional” na economia, na política e na cultura – torna-se alternativa profícua para conectar processos de modernização/formação do capitalismo e redes relacionais mais específicas, regionais e locais. Propõe-se, nesse enquadramento, considerar regiões como o vale do Rio Paraíba do Sul (para usinas hidrelétricas) e o Vale do Rio Doce (para extrativismo e mineração) como “zonas de contato” e espaços “transnacionais”, conforme proposto por Barbara Weinstein. Ao tratar de temas já estabelecidos no estudo das formações econômicas – como o papel do capital estrangeiro e o surgimento de um mercado global – modifica-se sua percepção, evidenciando-se aspectos não tratados em pesquisas anteriores. A análise é embasada no levantamento de fontes oficiais e imprensa periódica.
Palavras-chave: Propriedade. História transnacional. Recursos naturais. Conceitos.