A historiografia da cidade de Sobral tem o seu mito de origem, fundamentado a princípio na seara da Igreja Católica, e que aponta para a Fazenda Caiçara como o berço da cidade, neste sentido esta comunicação faz parte da pesquisa Imaginária urbana e a cidade de Sobral, entre sentidos e representações, memórias e poder, que busca analisar representações de certa imaginária urbana – esculturas, bustos, placas, monumentos, painéis, instalações, arte pública etc. – e suas relações com a memória e com o poder. Nosso foco aqui, no entanto, incidirá diretamente sobre um alto relevo policromado medindo 3,50m x 2,30m, localizado no saguão do antigo hotel Municipal de Sobral, construído em 1965, hoje desativado, representando a Fazenda Caiçara, obra do artista sobralense Pedro Frutuoso do Vale, realizada em 1966. A intenção do artista foi evidenciar o mito de origem da cidade a partir de sua vidência, de seu olhar sobre a fazenda, informado provavelmente pela historiografia oficial local, buscando assim dar visibilidade ao que seria o passado da cidade. Em nossa análise partimos da questão proposta por (KNAUSS, 2006) que sublinha a perspectiva histórica do estatuto artístico, o que nos permite pensar o alto relevo como um acontecimento (DIDI-HUBERMAN, 2013), sendo parte de um sintoma (DIDI-HUBERMAN, 2013), de um rastro, de uma sensibilidade inerente há certo tempo e espaço (PESAVENTO, 2008), entendendo esse monumento como ponto de partida para muitas perguntas (MANGUEL, 2011). Esperamos com essa pesquisa constituir material diverso relativo a imaginária urbana da cidade de Sobral e suas representações ligadas a história, a memória e ao poder, para além de sua perspectiva figurativa ou nominativa, buscando suas tensões e sensibilidades, abrindo assim uma frente de pesquisa original sobre a história da cidade de Sobral.
Palavras-chave: Sobral. Mito de origem. Imaginária urbana. Memória. Poder.