Este trabalho tem por objetivo analisar as implicações historiográficas que entrecortam a articulação do conceito de elite política imperial operado por José Murilo de Carvalho em seu trabalho a respeito da construção e consolidação do Estado Imperial. Trata-se de um conceito usado em um contexto de crítica a uma história de influência marxista, e que procura se esquivar de questões que envolvem o conceito de classe social e de luta de classes, mas também carrega consigo uma articulação narrativa que projeta o papel dos homens que governavam o Estado Imperial a partir da Corte, sobretudo, a respeito da escravidão, ou, mais especificamente, em relação ao que Carvalho chama de política da escravidão. Do mesmo modo, o conceito de elite política imperial carrega consigo uma percepção de um tempo lento, afastado da revolução burguesa e que faz um uso pragmático das ideias liberais na gestão do Estado. A tese de doutoramento defendida por José Murilo de Carvalho em 1975 na Stanford University, de título Elite and state – Building in imperial Brazil, foi produto de um longo período de estudos naquela instituição desde 1966, agregando Mestrado e Doutorado. Sua divulgação no Brasil se deu por meio da publicação de dois livros, A Construção da Ordem (1980) e Teatro de Sombras (1981), foi em 1996 que houve a primeira publicação da versão unificada da obra de Carvalho. Uma obra relevante não somente aos estudiosos do século XIX, mas também aos interessados na escrita da história na década de 1970, seu contexto de ditadura militar e de crítica à historiografia marxista.
Palavras-chave: Elite Imperial. José Murilo de Carvalho. Escravidão.