Manoel Luiz Salgado Guimarães em seu texto “Vendo o passado, representação escrita da história” explica que vivemos uma conjuntura paradoxal pois ao mesmo tempo que existe uma grande capacidade de arquivamento, existe também uma forte aceleração dos eventos em que o presente se torna passado duas ordens temporais radicalmente opostas e distintas. Esse tempo, ou regime de historicidade seria marcado pelas forças das imagens. E a visão como um dos sentidos fundamentais para apreensão e decodificação do mundo. Diante dessa circunstância como podemos refletir a partir dessa complexa relação entre o visível e o invisível? Esse seria o questionamento de Guimarães que pretendemos nos servir como ponto de partida. A visibilidade ou não se torna infinitamente alargada pela capacidade técnica de arquivamento do passado, o que ao mesmo tempo que poderíamos pensar em uma história total, também temos dificuldades de limitar os objetos de pesquisa (GUIMARÃES, 2007). Em seguida, o autor cita Ulpiano Bezerra de Menezes, onde traz indicações preciosas para o trabalho do historiador. De precisão dos termos a serem operados, além de uma perspectiva documentalista da imagem. Onde, assim Como o texto literário as imagens e (no nosso caso, nosso objeto, os bustos) não se esgotam nem com a documentação, Marcas, registros e documentos do passado. Então a história passa a ganhar uma dimensão social, onde o visível e Invisível, articulam- se, a partir de uma dimensão de poder. Como apresentado por Cristina Meneguello em seu texto Carne Contra Pedra em um campo de disputa, portanto, de um consenso (MENEGUELLO, 2022) em que a escolha desta ou daquela imagem, patrimônio ou bustos nas praças de uma cidade dialogam e debatem com as pessoas destas mesmas cidades, podendo modificar ou manter os objetos eleitos e erigidos. Ao analisar os bustos da cidade de Sobral nos desperta atenção os personagens, por assim dizer homenageados e representados nas praças do centro da Cidade, ao passar diante dos bustos e observá-los nos vêm uma série de questionamentos, onde o principal seria, por que aqueles sujeitos estão ali representados, ás vistas para serem observados ou como apresentado no documentário “Sobral monumental” dirigido pelos historiadores Denis Melo e Edilberto Florêncio diante da indiferença dos transeuntes, alguns bustos, inclusive, com a descrição do personagens arrancadas, seria isto um fenômeno próprio de um processo de esquecimento. Portanto podemos dizer que existe um dever de memória. Buscamos entender por que existe um busto de Dom José Tupinambá da Frota o primeiro bispo de Sobral, na praça de São João Sobral. Do lado oposto, Um busto do general Tibúrcio Herói da guerra do Paraguai, em frente à Câmara municipal o jornalista Deolindo Barreto, na Praça do abrigo, Rodrigues Magalhães, sesmeiro da fazenda Caiçara que deu origem ao núcleo populacional de Sobral ou ainda, dentro do teatro São João vemos Domingos Olímpio um dos seus idealizadores e construtores durante a seca de 1877-79. Que relação podemos traçar entre suas biografias, qual a relação os homens do presente tem com estes bustos, são visíveis ou invisíveis.
Palavras-chave: Patrimônio. Memória. Cidade. Bustos.