Em documentos administrativos do século XVIII, nos deparamos com relatos das autoridades de uma falta de ordem no sertão do Brasil, ao passo que em 1760, o ouvidor geral Vitorino Soares Barbosa, descreve a capitania do Siará Grande como “tão pobre e miserável, que só acho com abundância de ladrões e matadores, e outros régulos que a ela se vem refugiar” Essa visão negativa não é exclusividade da capitania do Ceará, na Descrição da Capitania de São José do Piauí, Antonio José de Morais Durão, descreve os moradores da capitania do Piauí de forma bastante parecida. O objetivo desta pesquisa é propor uma análise sobre a violência nos Sertões do Norte (ROLIM, 2019) durante o século XVIII, e problematizar o discurso de que violência e vadiagem são vícios naturais do sertão, para isso, investigaremos episódios de crimes no sertão e como eles são tratados pelas forças administrativas da colônia, seguindo alguns critérios – delitos mais comuns, suas causas e soluções propostas pela administração pública. Focaremos nas capitanias do Ceará e Piauí, tendo como fontes a Descrição da Capitania de São José do Piauí, e alguns outros documentos avulsos referentes a roubos de gado, assassinatos e outros delitos. O que pretendemos através da problematização do discurso das autoridades portuguesas do século XVIII é propor uma análise para compreensão do embate entre as classes sociais presentes no contexto do Sertão setecentista. A pesquisa continua em andamento e as possíveis conclusões permanecem em aberto.
Palavras-chave: Sertões do Norte. Violência. Século XVIII.