Este estudo tem como objetivo analisar os discursos de gênero presentes em uma narrativa seriada e em um filme, explorando discussões implícitas e explícitas em ambas as produções. Ambientadas no início do século XX, as obras selecionadas são a série britânica Peaky Blinders (2013-2022) e o filme Mulher Maravilha (1917). A série retrata debates sobre a representação de gênero, destacando principalmente a figura masculina dominante, enquanto o filme retrata as mulheres em pé de igualdade com os homens. A glorificação contemporânea do século XX como um período “áureo” para a masculinidade leva a uma exploração abrangente dos estudos relacionados à identidade. A pesquisa se concentra em entender como essas narrativas são interpretadas e como as plataformas on-line influenciam e refletem as narrativas da sociedade, assim como o papel dos memes na disseminação de ideias e discursos culturais. A metodologia envolve a análise dos discursos em Peaky Blinders(2013-2022) e Mulher-Maravilha(2017), além do estudo de como essas narrativas são interpretadas e utilizadas na Internet para a propagação do discurso, usando fontes digitais como memes nas mídias sociais. A pesquisa busca compreender como o imaginário do século XX é criado em narrativas serializadas e fílmicas, considerando-o um período “áureo” principalmente para os homens, e discute a agência das mulheres nessas narrativas. O método conceitual-analítico incorpora os conceitos teóricos de “Masculinidade Hegemônica” e “Feminilidade Enfatizada” dos sociólogos Raewyn Connell e James W. Messerschmidt. Trabalhos acadêmicos sobre o tema também são empregados para explorar como o cinema molda os discursos de gênero, e seu reflexo na sociedade por meio da Internet. Apesar de Peaky Blinders ser considerada uma série misógina e violenta, é fundamental observar a evolução do retrato das mulheres à medida que o mundo ao seu redor muda. Inicialmente tratadas como troféus ou incapazes de realizar feitos extraordinários como os homens, as mulheres da série gradualmente ganham autonomia. Na era pós-Primeira Guerra Mundial, as mulheres se tornaram as principais responsáveis pelo sustento da casa e entraram em espaços antes restritos aos homens. A glorificação contemporânea do século XX, permite uma análise sobre as performances de gênero apresentadas na ficção, a aversão à desconstrução de aspectos considerados tóxicos para a identidade masculina leva à exaltação de narrativas de masculinidade hegemônicas, conforme observado nos discursos da Internet. Em conclusão, os discursos da série servem como exemplo de como a ficção mantém modelos de masculinidade. A figura masculina dominante na narrativa alinha-se a um ideal de homem jovem, forte, viril, heterossexual, cisgênero e branco. O estudo destaca o papel do machismo no controle das narrativas, decorrente da guerra e da política, onde as mulheres eram tradicionalmente excluídas. A criação de um herói da era da guerra, emparelhado com uma mulher submissa em casa, contribui para a exaltação da masculinidade, em contra ponto da narrativa presente quando uma heroína está em destaque. A mudança na dinâmica social, com as mulheres desafiando os papéis tradicionais, provoca resistência, levando à elevação das narrativas masculinas e às tentativas de suprimir a ascensão social feminina.
Palavras-chave: Imaginário cultural do século XX. Análise do discurso de gênero. Masculinidade. Discurso dos Memes.
Camila Oliveira
em resposta ao Trabalho
Muito bom! Ótima pesquisa!
Aline Emilly Silva do Nascimento
em resposta ao Trabalho
Trabalho muito interessante. Vou acabar vendo a série por conta dele haha.