A presente pesquisa busca investigar os casos de feminicídios que atingem mulheres negras na Região do Nordeste, durante o período de 2010 a 2020, bem como analisar a forma como esses crimes foram transmitidos através dos jornais e portais online. Acredita-se que o referido trabalho é fundamental para ampliar as discussões sobre gênero e contribuir com medidas de enfrentamento. A metodologia utilizada é a Netnografia, um mecanismo inovador do século XXI que possibilita o ciberespaço servir como meio de estudo (Amaral, Natal e Viana (2008). Ademais, a construção da base teórica está sendo fundamentada na pesquisa aplicada, descritiva, bibliográfica e documental. É importante pontuar que o estudo ainda está em fase de desenvolvimento e atualmente está sendo realizado um levantamento bibliográfico, o qual busca suporte na leitura dos estudos de gênero discutidos por Butller (2003), Scott (1995) e Beauvoir (1949) , bem como outras autoras que debatem as violências sofridas pelas mulheres através de uma perspectiva de raça e classe, como Saffioti (2015) e Davis (1981). Para a tabulação de dados quantitativos, os quais mostram a recorrência dos casos de feminicídios no âmbito regional, está sendo mapeado os números apresentados por bancos de dados dos principais institutos de pesquisa do país, como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto de Pesquisa econômica aplicada (IPEA). Como alguns apontamentos parciais foi observado que a mídia, enquanto veículo de comunicação, transmite discursos ideológicos que legitimam problemas sociais, como o racismo e a desigualdade de gênero. Assim, na imprensa o crime de feminicídio é tratado com descaso e banalização, uma vez que os autores de tais plataformas não promovem uma discussão e conscientização social sobre a questão. À vista disso, são frequentes as matérias que não mencionam nem o nome da vítima, a qual sofre, por vezes, uma culpabilização pela violência. Há também uma invisibilidade dos corpos negros femininos nessas notícias, pois é negligenciado o fator racial da violência, dado que mulheres negras são, estatística e socialmente, os corpos mais marcados pelo feminicídio. Desse modo, o feminicídio, sendo um crime pela Lei nº 13.104/2015, é um ato hediondo de ódio por mulheres, especialmente por mulheres negras. Esses casos são (in)visibilizados pela imprensa digital nessa História do Tempo Presente, responsável por perpetuar narrativas que banalizam a violência de gênero. Nesse sentido, como resultados do estudo, espera-se contribuir com os debates de gênero por meio de apresentações em eventos acadêmicos, assim como por produções de textos que viabilizem uma sociedade contra o machismo e a misoginia.
Palavras-chave: Violência. Feminicídio. Netnografia. Imprensa Digital. Mulheres Negras.