O regime militar instaurado em 1964 estava intrinsecamente ligado às intervenções das Forças Armadas, que progressivamente assumiram um papel proeminente no cenário político brasileiro. Esses atores consolidaram na cultura militar a ideia do destino manifesto de “salvaguardar a pátria”, que ao assumirem funções dirigentes, respaldavam suas ordens sob a égide da Doutrina de Segurança Nacional, que tinha como objetivo exercer funções de direção e planejamento da segurança nacional, alegadamente ameaçada pelos “inimigos internos”, termo utilizado para designar aqueles que adotavam ideologias contrárias às defendidas pelos militares. No Piauí, a adoção dessa base era liderada pela Guarnição Federal, sediada em Teresina, onde as ações inicialmente fundamentavam-se na chamada Operação Limpeza, que, em jornais como, O Dia e O Estado do Piauí, estampavam a necessidade de impedir que o Brasil fosse ameaçado pelo perigo comunista, divulgando os nomes dos supostos comunistas, as prisões realizadas e os materiais subversivos apreendidos. O presente trabalho tem por objetivo analisar como a imprensa piauiense interpretou os impactos da Doutrina de Segurança Nacional no estado do Piauí. A metodologia adotada envolve o estudo de materiais bibliográficos relacionados à pesquisa, com base em representações discursivas e culturais elaboradas por pesquisadores como José Murilo de Carvalho, Nilson Borges, Daniel Aarão, Carlos Fico, entre outros. Além disso, foram considerados trabalhos de historiadores da Universidade Federal do Piauí, como Marylu Oliveira, Leandro Araújo e Lanna Lemos. O estudo também abrangeu a construção do conceito de Doutrina de Segurança Nacional e sua atuação em um contexto global, assim como a análise de periódicos do Arquivo Público do Estado do Piauí, com foco especial nos jornais O Dia e O Estado do Piauí. Em linhas gerais, a partir do desenvolvimento da presente pesquisa, é inegável que a Doutrina de Segurança Nacional fez da luta política, esta que não abre espaço para a negociação, uma forma de guerra interna. Nesse sentido, o comportamento político autoritário vigente se traduz pelas ações de cerceamento da prática cidadã, sendo este compreendido nas representações discursivas dos jornais piauienses outorgado pelo medo da ameaça comunista.
Palavras-chave: Doutrina de Segurança Nacional. Imprensa. Ditadura. Piauí.
Historiografia
em resposta ao Trabalho
Trabalho bem apresentado, resumo claro e bem definido. Os referenciais historiográficos estão bem fundamentados, se utilizando de uma bibliografia adequada, porém, é preciso definir o recorte temporal analisado e os problemas a serem elencados para além das ‘‘representações na imprensa’’ a serem aprofundados na pesquisa. Como essas representações são construídas? É pelo medo? Pelo terror? Que elementos e particularidades próprias são construídos na imprensa local acerca dos ‘‘inimigos internos’’?
Vanessa Maria Evangelista Rodrigues
em resposta a Historiografia
Agradeço imensamente pelas valiosas orientações elencadas pelo avaliador. Seu feedback sobre o trabalho apresentado é muito apreciado. Que embora seja um tema amplamente abordado na escrita acadêmica é de uma emergência inacabada. O presente estudo é crucial para a compressão das raízes da ditadura civil militar brasileira, na perspectiva teórica ideológica da DSN, que reveste-se de um caráter restaurador e de salvaguardar a pátria a fim fortificar o Estado e minimizar/neutralizar a ameaça de subversão. Aos pontos aludidos ao decorrer da interação, em primeiro lugar saliento o recorte temporal, este que de fato não fora identificado no trabalho, e que partindo da política égide da pesquisa (Doutrina de Segurança Nacional que se estabelece sob a premissa do bem-estar social, e delineia-se a partir de dois objetivos o de segurança nacional contra o inimigo interno; e o caráter de desenvolvimento) faculta-se em um recorte de 1964-1974, isto é, de uma análise robusta dos primeiros anos que inaugura o regime autoritário à manchetes do Governo Médici marcado por fortes medidas repressivas e um quadro que fomentou o desenvolvimento econômico do país. Em segundo lugar, acordado efetivamente em uma pesquisa hemerografica, nos jornais O Dia e O Estado do Piauí, considero cuidadosamente a sugestões de aprofundamento em tais elementos sem desvencilhar da postura da imprensa, posto que, concluido, posso a partir da sua observação agregar na escrita dando notoriedade a análise de discurso, aos impactos nas políticas governamentais nos jornais piauienses, dentre outros, pois com certeza irão enriquecer a análise e proporcionar uma compreensão mais abrangente do tema em questão, bem como propiciará o alargamento de como tais perspectivas foram construídas. Por fim, o último ponto aludido fomentou em uma reflexão importante a respeito de tais particularidades, questão que carece de uma pesquisa comparativa. Na imprensa piauiense, estes inimigos internos apresentava-se nas leituras como elementos subversivos, comunistas, a título de exemplo destaco os seguintes trechos do jornais piauienses: RESUMO GUARNIÇÃO FEDERAL. O Estado do Piauí. Teresina, 18de junho de 1964. nº 651.p. 1 – 3. "Para combater de início os elementos comunistas e células comunistas que vinham funcionando em Teresina [...] bem como desmontar seu dispositivo, tendo também em vista que esse estado maior operacional deveria agir na "limpeza" dos elementos subversivos nos diversos meios tais como, operariado, estudantil, ligas camponesas, frente de mobilização Popular, etc.” PRÊSO em Teresina aliciador comunista. O Dia. Teresina, 06 nov. 1969, n.2.806, p.07 "A polícia conseguiu prender o indivíduo Antônio Newton Vieira que estava tentando aliciar o Sr. Antônio Juvêncio de Castro para ingressar no Partido Comunista do Brasil. No seu trabalho de sedução ideológica, [...] afirmara para o Juvêncio que o seu ingresso no Partido Comunista "seria o maior passo que esse daria na vida". Afirmou na Polícia, que andava policiando elementos para o partido [...] Trancado no xadrez da central, o novo integrando do Partido Comunista será encaminhando ao DOPS [...]" Muito Obrigada pela orientação construtiva!
Vanessa Maria Evangelista Rodrigues
em resposta ao Trabalho
Agradeço imensamente pelas valiosas orientações elencadas pelo avaliador. Seu feedback sobre o trabalho apresentado é muito apreciado. Que embora seja um tema amplamente abordado na escrita acadêmica é de uma emergência inacabada. O presente estudo é crucial para a compressão das raízes da ditadura civil militar brasileira, na perspectiva teórica ideológica da DSN, que reveste-se de um caráter restaurador e de salvaguardar a pátria a fim fortificar o Estado e minimizar/neutralizar a ameaça de subversão. Aos pontos aludidos ao decorrer da interação, em primeiro lugar saliento o recorte temporal, este que de fato não fora identificado no trabalho, e que partindo da política égide da pesquisa (Doutrina de Segurança Nacional que se estabelece sob a premissa do bem-estar social, e delineia-se a partir de dois objetivos o de segurança nacional contra o inimigo interno; e o caráter de desenvolvimento) faculta-se em um recorte de 1964-1974, isto é, de uma análise robusta dos primeiros anos que inaugura o regime autoritário à manchetes do Governo Médici marcado por fortes medidas repressivas e um quadro que fomentou o desenvolvimento econômico do país. Em segundo lugar, acordado efetivamente em uma pesquisa hemerografica, nos jornais O Dia e O Estado do Piauí, considero cuidadosamente a sugestões de aprofundamento em tais elementos sem desvencilhar da postura da imprensa, posto que, concluido, posso a partir da sua observação agregar na escrita dando notoriedade a análise de discurso, aos impactos nas políticas governamentais nos jornais piauienses, dentre outros, pois com certeza irão enriquecer a análise e proporcionar uma compreensão mais abrangente do tema em questão, bem como propiciará o alargamento de como tais perspectivas foram construídas. Por fim, o último ponto aludido fomentou em uma reflexão importante a respeito de tais particularidades, questão que carece de uma pesquisa comparativa. Na imprensa piauiense, estes inimigos internos apresentava-se nas leituras como elementos subversivos, comunistas, a título de exemplo destaco os seguintes trechos do jornais piauienses: RESUMO GUARNIÇÃO FEDERAL. O Estado do Piauí. Teresina, 18de junho de 1964. nº 651.p. 1 – 3. "Para combater de início os elementos comunistas e células comunistas que vinham funcionando em Teresina [...] bem como desmontar seu dispositivo, tendo também em vista que esse estado maior operacional deveria agir na "limpeza" dos elementos subversivos nos diversos meios tais como, operariado, estudantil, ligas camponesas, frente de mobilização Popular, etc.” PRÊSO em Teresina aliciador comunista. O Dia. Teresina, 06 nov. 1969, n.2.806, p.07 "A polícia conseguiu prender o indivíduo Antônio Newton Vieira que estava tentando aliciar o Sr. Antônio Juvêncio de Castro para ingressar no Partido Comunista do Brasil. No seu trabalho de sedução ideológica, [...] afirmara para o Juvêncio que o seu ingresso no Partido Comunista "seria o maior passo que esse daria na vida". Afirmou na Polícia, que andava policiando elementos para o partido [...] Trancado no xadrez da central, o novo integrando do Partido Comunista será encaminhando ao DOPS [...]" Muito Obrigada pela orientação construtiva!