O objetivo deste trabalho é abordar sobre as agências da Marinha brasileira no processo de anexação do Acre através da formação da Divisão Naval do Norte, criada em 1903, a qual continha quatro navios de guerra cedidas pela esquadra naval do Rio de Janeiro, sua finalidade era auxiliar diplomaticamente na contestação do território litigioso. Nessa conjuntura, o estudo estende o enfoque para as discussões diplomáticas estabelecidas entre Brasil e Bolívia, visando garantir a reconstituição narrativa das partes envolvidas na contestação do território desde o tratado de Ayacucho (1867) até o tratado de Petrópolis (1903). As abordagens possibilitam uma nova perspectiva acerca do que a historiografia brasileira estabeleceu enquanto “Questão do Acre”, caracterizada pela ênfase da economia gomífera e pela figura do migrante nordestino, visualizados enquanto fundamentais para a consolidação da conquista do território. O vigente trabalho busca desprender-se dessa concepção e apontar outra agência, nesse caso a da Marinha brasileira por meio da criação da Divisão Naval do Norte, destacando sua contribuição no processo de anexação do Acre ao Brasil, a partir da presença das embarcações de guerra no local, que possuem vários sentidos políticos, dentre eles garantir a soberania nacional brasileira. No que se refere à diplomacia, essa proporciona uma visão limiar acerca de um outro ponto de vista, o boliviano, frente a perda do território, ainda sim, proporciona o diálogo entre os debates políticos e as ações da marinha. Nesse sentido alguns questionamentos surgiram no desenvolvimento da pesquisa: Em que medida as ações efetivadas pela Marinha através da Divisão Naval do Norte contribuíram para a anexação do Acre? As embarcações de guerra são indícios do preparo para um futuro conflito diante das discordâncias diplomáticas? Portanto, para respondê-las foi necessário recorrer às fontes oficiais da Marinha de tipologias identificadas enquanto “Ordens do dia” e “Diários de bordo”; já as fontes diplomáticas são de tipologias diversas, entre elas a “revisão de contrato” e “assuntos internacionais”. No que se refere à análise do conjunto documental atento-me ao que Carlos Ginzburg denomina de “paradigma indiciário”, definido pelo estudo dos pequenos vestígios do passado ocasionando o aguçamento da sensibilidade dedutiva. Em relação a historiografia focalizo em um debate da instituição militar naval nos rios amazônicos que permitem a compreensão das questões de formação de território e conflitos diversos. Embora o trabalho ainda esteja em desenvolvimento, é possível destacar algumas observações preliminares. Inicialmente, analisei o discurso latino americano de que a Bolívia não atribuía grande importância à perda do território do Acre, essa justificativa é apresentada considerando o processo de construção da República Boliviana, que aparentemente não demonstrou interesse em compreender a geografia do território sobre o qual detinha soberania, entretanto essa noção deve ser problematizada, visto os esforços diplomáticos bolivianos para garantir o controle sobre o território e até mesmo a sua organização militar para impedir a perda territorial.
Palavras-chave: Divisão Naval do Norte. Acre. Diplomacia.
João Marcelo cunha correia
em resposta ao Trabalho
Uma ótima pesquisa!
Adriely Nazaré Almeida de Souza
em resposta ao Trabalho
linda pesquisa