O seguinte trabalho objetiva analisar a relação que professores e alunos de escolas públicas na cidade de Belém têm com a história indígena em sala de aula. A motivação para o desenvolvimento dessa pesquisa veio a partir do contato com uma disciplina da grade curricular da Faculdade de História da UFPA, intitulada “História Indígena e do Indigenismo” ministrada em 2021, em que uma de suas avaliações consistia na aplicação de um dos questionários para entender a relação que os alunos tinham com a temática indígena.. Resolvemos, então, buscar a relação que professores e alunos têm com a história indígena em sala de aula atrelados a um contexto de pós-pandemia, com recentes acontecimentos trágicos relacionados ao genicídio de indígenas da etnia Yanomami e aos estereótipos negativos relacionados aos indígenas, que foram crescentes e alarmantes no governo anterior. Consideramos a dimensão cognitiva da cultura histórica, de Jörn Rüsen, como hipótese inicial, ou seja, se os alunos estavam aprendendo sobre história indígena tendo como “verdade” uma história cristalizada no período Pré-colombiano e Colonial; além disso, foram norteadores para o desenvolvimento deste trabalho, os estudos desenvolvidos por Mauro Coelho, Wilma Bahia, Márcio Couto Henrique e a pesquisadora indígena Rosani Fernandes Kaingang. Como método, usamos o estudo comparado, aplicando as técnicas de coleta de dados por questionários e entrevistas fornecidas pelos alunos e professores de escolas públicas na cidade de Belém. As informações foram coletadas através de dois questionários feitos pela plataforma Google Forms e entrevistas feitas pessoalmente. Todas as perguntas foram de caráter objetivo, com a finalidade de identificar um padrão de ensino/aprendizagem sobre a presença ou não de história indígena em sala de aula e de que forma ela é abordada. Com base nos dados fornecidos pelos questionários, foi encontrado um padrão tanto para alunos quanto para professores. Com os alunos, notou-se a frequência de respostas para os indígenas como os mesmos indivíduos no período colonial, fortemente ligado com o passado, ou seja, para a maioria dos alunos, o exercício de enxergar os indígenas para além do período colonial é praticamente inexistente, o que indica uma imagem congelada no tempo sobre eles. Para os professores, o currículo é uma grande problemática que implica diretamente nisso, uma vez que ele, sendo caracterizado como tripartite e eurocêntrico, é muito responsável pela forma como os alunos constroem a visão sobre esses indivíduos. Notamos também que mesmo com a aplicação da Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas, ela não se torna efetiva quando entra em conflito com o currículo.
Palavras-chave: Indígenas. Ensino. Currículo. Aprendizagem.
Erike Gomes Pacheco
em resposta ao Trabalho
Ótimo trabalho, nós estaremos aguardando os próximos passos dessa pesquisa tão incrível.