Em 2022, em razão da efeméride do Bicentenário da Independência do Brasil, a Secretaria Municipal de Educação de Itapissuma, por meio de sua equipe pedagógica, desenvolveu uma exposição itinerante voltada para os Anos Finais do Ensino Fundamental. Na mencionada ação, buscamos destacar personagens amplamente reconhecidos pela historiografia brasileira, símbolos nacionais e outros sujeitos históricos que, apesar de serem objeto de estudos nos últimos anos, ainda não são muito conhecidos no contexto escolar. Tendo os professores de História como colaboradores diretos para a orientação das atividades nas escolas, foram montadas equipes de estudantes para mediar a exposição. Essa proposta, bem recebida nas unidades de ensino, também provocou um interessante processo de identificação dos estudantes com alguns personagens históricos elencados nas telas, principalmente as personagens femininas. Para essas alunas, ter a possibilidade de falar de Maria Felipa de Oliveira, por exemplo, foi uma forma de buscar um lugar de protagonismo, no discurso e nas ações, por serem as representantes de suas escolas naquela atividade. Em Itapissuma, a maior parte da comunidade escolar é composta por pessoas negras e de baixa renda, o que reforça a importância de apresentar aos estudantes sujeitos históricos que não estão incluídos nos padrões costumeiramente expostos nos livros didáticos. Por isso, diante dos bons resultados da primeira experiência, passamos a desenvolver materiais voltados para a história local, ainda muito fragmentada e pouco explorada pela historiografia. Sendo Itapissuma um dos mais jovens municípios pernambucanos, cuja emancipação política data de 1982, desenvolvemos no ano de 2023 uma exposição sobre esse evento, tendo por base reportagens jornalísticas coletadas na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Devidamente contextualizadas, essas reportagens foram distribuídas em um conjunto de oito telas e enviadas para as escolas. O material passou a fazer parte do acervo permanente das unidades de ensino, o que facilita a utilização pelos professores e permite a elaboração de ações interdisciplinares. A estratégia de proporcionar aos estudantes o protagonismo de mediar a exposição foi replicada. E, a exemplo do que aconteceu com a primeira experiência, os resultados positivos não ficaram restritos ao componente de História. Na verdade, os participantes foram estimulados a pesquisar mais sobre as temáticas, o que possibilita o desenvolvimento de habilidades fundamentais para a vida escolar e posterior ingresso em cursos técnicos e/ou universitários. Acreditamos que tais informações nos permitem reforçar a importância e a possibilidade de utilização de recursos didáticos diversificados no contexto da Educação Básica, principalmente na Rede Pública. Esperamos, na mesma medida, que as exposições didáticas, com conteúdo histórico nacional e local, desenvolvidas nas escolas municipais de Itapissuma, possam inspirar ações em outras pequenas cidades brasileiras e, com isso, abrir maior espaço de protagonismo e autonomia para os estudantes no processo de construção do conhecimento.
Palavras-chave: Exposição didática. Protagonismo estudantil. Ensino de História. Itapissuma.