“Vem pra rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil”: publicidade televisiva e identidade nacional durante a Copa da Confederações de futebol (Brasil – 2013)

Autor(a) principal: Thiago Oliveira Braga
Co-autor(a): -

O mês de Junho de 2013 pode ser considerado como um divisor de águas para a História política recente no Brasil. Podemos afirmar que foi o marco temporal de todo esse processo de polarização que tomou o país e em grande medida permanece até hoje e tento apresentar a partir da publicidade da empresa automobilística italiana FIAT, ao usar o jingle que incentivava a população a ocuparem as ruas, dando a ideia de ocupar a própria cidade, passou a ter outras compreensões que foram capturadas por um forte viés ideológico que teve a camisa da seleção brasileira de futebol como identidade, e que teve seu início na Copa das Confederações, com manifestações que ganharam corpo tanto quantitativo quanto ideológico e passam a desencadear outras demandas sociais para além da questão policial percebia-se coletivos em defesa de mais recursos para a saúde e educação. Porém, na medida que outros agentes se somavam, outras pautas eram inseridas, como por exemplo o combate à corrupção e críticas contundentes ao sistema político vigente, como também aos parlamentares, governadores e a Presidenta Dilma Rousseff, que antes da Copa das Confederações tinha uma aprovação de 2/3 da população. Dialogando com o tempo presente, para além das questões estéticas, há uma ponderação política que é: como tais símbolos e cores são da nação e não de apenas uma parte dela, a sua apropriação, seja por um partido, um regime político ou mesmo por uma parcela da população. Os símbolos nacionais foram apropriados e tutelados pela elite política desde a Proclamação da República, passando pela Ditadura Civil-Militar e, desde 2013, usados exaustivamente como oposição a cor vermelha e ao governo do Partido dos Trabalhadores, que de tal forma ultrapassaram o campo estético e esportivo e tornaram-se símbolos de uma narrativa, supostamente patriótica, mas que acabam sendo, acima de tudo, símbolos polarizadores. É importante mostrar o perigo de pensar uma sociedade dentro de rótulos fechados, excluindo toda uma pluralidade que é central numa democracia, hoje quase utópica, porém, necessária. Talvez a condição estética não seja um fim, mas um meio para entendermos a conjuntura do nosso país.

 

Palavras-chave: Mobilização social. Publicidade. Futebol. Megaeventos. Identidade Nacional.