O período após a redemocratização de 1945, mais especificamente o ano da eleição presidencial de 1950, foi marcado pelos termos ditadura e democracia, termos que apareceram à exaustão na imprensa carioca (COSTA, 2014). Essa frequência em 1950 pode ser explicada pelo fato de que foi neste ano que Getúlio Vargas, então senador (1946-51) e ex-presidente da República (1930-45) – sendo o Estado Novo (1937-45) o seu período ditatorial –, se candidatou à presidência da República pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com a candidatura, a representação de Vargas como uma ameaça à democracia passou a ser reforçada pelos veículos de comunicação do país, principalmente pela imprensa carioca. Buscaremos apresentar como a grande imprensa carioca, em sua maioria oposicionista à Vargas, se colocou como defensora da recente democracia, utilizando relatos, fotografias e até desenhos sobre a ditadura varguista como ferramentas de combate à campanha do ex-ditador. Exemplos disso foram as notícias sobre a censura à imprensa e a violência sofrida pelos trabalhadores durante o Estado Novo que passaram a ser evidenciadas pelos jornais em suas primeiras páginas e publicadas com maior frequência conforme a data da eleição se aproximava. Além de apresentar como se deu o combate à imagem de Vargas, apresentar como a imprensa divulgou a imagem do candidato da União Democrática Nacional (UDN), brigadeiro Eduardo Gomes, se faz necessária pois, enquanto Vargas era anunciado como o candidato da velha política, sendo relacionado muitas vezes à corrupção, Gomes é anunciado como o candidato defensor da democracia. Utilizamos como fontes os jornais cariocas publicados durante a corrida presidencial de 1950, em especial o Tribuna da Imprensa, vespertino ligado aos interesses da UDN, tendo o auxílio metodológico dos procedimentos de pesquisa em periódicos listados por Tania Regina de Luca (2010).
Palavras-chave: Ditadura. Estado Novo. Campanha presidencial. Imprensa. Getúlio Vargas.