No dia 25 de agosto de 1961, o presidente da República Jânio Quadros decide renunciar ao seu posto. Entretanto, o seu sucessor legítimo ao cargo presidencial, João Goulart, estava fora do Brasil quando este evento ocorreu, mais especificamente em uma visita à República Popular da China. Ranieri Mazzili assumiu a presidência da República, mas uma junta militar, composta pelos ministros Odylio Denys, Sílvio Heck e Gabriel Grün Moss, decidiriam não autorizar o retorno de João Goulart para o Brasil e este domínio dos militares sobre o Poder Executivo levou à uma grande mobilização nacional civil e militar em torno da legalidade da posse de João Goulart. Tendo como fonte principal de análise a revista Manchete, uma publicação semanal de alcance nacional que foi inaugurada em 1952, estre trabalho almeja abordar como a Campanha da Legalidade tomou forma e conteúdo nas páginas deste periódico. Seja através de imagens ou textos, a análise da Manchete permite interpretar como a revista lidou com os impasses da democracia desde a renúncia de Jânio Quadros até a solução conciliatória em agosto de 1961, quando Jango assumiu a presidência da República com poderes reduzidos devido à instauração do regime parlamentarista. Levando em consideração que a Campanha pela Legalidade mobilizou diversos sujeitos e grupos durantes dias de grande tensão nacional, a análise de como um veículo de imprensa noticiou tais acontecimentos reveste-se de grande importância para que seja possível entender os problemas que estavam em debate como uma luta política entre democracia e autoritarismo.
Palavras-chave: Legalidade. Democracia. João Goulart.