O presente trabalho é resultado da pesquisa para a construção de Trabalho de Conclusão de Curso de tema homônimo, defendido em julho de 2023. Sua construção deriva das discussões levantadas a partir das inquietações que originaram os recortes e temáticas discutidos, tais como dos campos trabalhados: abordagens do cinema, história política, história do tempo presente e a disputa por narrativas e memórias. A inquietação-mor que norteou essa pesquisa pontuava sobre ‘como um país que elegeu uma mulher que combateu a Ditadura muda a ponto de eleger um defensor aberto do regime apenas quatro anos depois?’. Partindo dela, e do sentimento de buscar compreender o que acontecia na sociedade brasileira da última década despertado pelos longas de Maria Augusta Ramos e Petra Costa, que o tema que guiou essa pesquisa foi elaborado. Buscamos, para tanto, analisar o que diziam as narrativas construídas pelas cineastas para suas obras, sem deixar de abordar os contextos que cercavam pesquisa, temática e objetos estudados. À vista disso, as discussões aqui levantadas são fruto de pesquisas e discussões realizadas para embasamento teórico e debate historiográfico das inquirições a partir da análise das fontes trabalhadas sobre o “impeachment” de Dilma Rousseff e a alvorada dos discursos e movimentos autoritários no Brasil a partir do recorte alvitrado (2016-2019). O objeto dessa pesquisa são, em síntese, os dois filmes-documentários apresentados, seus significados e possibilidades de discussão, construção e opção de narrativas dentro do tempo presente. Neles estão os materiais que são o âmago para a análise: a montagem, edição, os recortes e as escolhas feitas pelas diretoras dos longas. É percebido com o estudo que o cinema, como as demais expressões humanas, dos campos científicos às artes, apresenta posturas subversivas diante do status quo quando a coragem de questionar e fazer refletir sobre a existência se sobrepõe ao medo dos castigos impetrados pelas instituições e camadas dominadoras e a tentação de corroborar com o poderio de controle dessas. Logo, percebemos esse trabalho não como um produto encerrado em si a partir das considerações, mas sim como um objeto dinâmico de estudo, nutrido de conceitos, discussões e aberto para questionamentos e reflexões, com viabilidade para aprofundamento e expansões nos debates que foram levantados e nas escolhas empreendidas. Os anseios e dúvidas que conduziram a elaboração da temática e dos percursos dessa pesquisa, tais como as opções feitas pelas diretoras dos longas, o que suas obras buscaram representar, suas abordagens, produções e montagens, foram potencialmente respondidas dentro das possibilidades dispostas, mas não acabam aqui e agora -na verdade, a partir de novos fatos que possam surgir, ou mesmo outros objetos que porventura complementem o que já foi trabalhado, abrem-se janelas para ensaios futuros. ‘Possibilidades’, junto a ‘escolhas’ foram os fios que, em conclusão, regeram esse estudo.
Palavras-chave: Narrativas. “Impeachment” de 2016. Documentários. Autoritarismo.