Representação dos povos indígenas nos livros de moral e civismo: uma análise das produções de Coelho Netto, Manoel Bomfim e Olavo Bilac (1904 – 1910)

Autor(a) principal: Cicero Avelino Lima
Co-autor(a): André Victor Cavalcanti Seal da Cunha

Esta pesquisa tem como objetivo compreender como os povos indígenas foram representados nos primeiros anos da república brasileira, pela literatura cívica de Coelho Netto, Manoel Bomfim e Olavo Bilac. Para isso, analisamos os livros de leitura utilizados em escolas brasileiras, produzido por esses intelectuais. Essa literatura era destinada ao público infanto-juvenil, e trazia consigo um conteúdo moralizante ao tempo que ditava o modelo de Brasil que a república aspirava. Havia um enquadramento dos cidadãos e um esvaziamento de qualquer tensão social. Os povos indígenas, por exemplo, eram representados como selvagens ultrapassados, os quais deveriam ser assimilados pela sociedade civilizada. Essas ideias tinham em sua gênese a filosofia positivista que chegou ao Brasil em meados do século XIX e foi fonte de inspiração para os pensadores pró-república. Sua ideologia fez parte da política brasileira em vários espaços de poder, inclusive na educação, através de suas gestões ou como produto educacional, no caso dos livros de moral e civismo. O discurso de modernidade, empreendido nessa literatura excluía os povos originários desse quadro, os mesmos representavam o passado que deveria ser superado. Para análise dessa representação, escolhemos quatro obras dos autores supracitados, Contos Pátrios (1904); Poesias Infantis (1904); Pátria Brazileira (1909) e Através do Brasil (1910), os anos de lançamentos das obras definem nosso recorte cronológico. Como critério para seleção dessas fontes, adotamos o corte transversal de gênero textual, escolhendo um livro de contos, outro de poesia, um de ficção e outro de não-ficção. Como categoria de análise, adotamos o conceito de representação do historiador Roger Chartier. A pesquisa em processo já nos levou a resultados em que pudemos identificar que essa literatura é fruto de uma historiografia colonialista que durante séculos oprimiu os povos originários. Diante dessa análise, entendemos que o alcance e a linguagem condicionante desses livros de moral e civismo fortaleceu e/ou criou estereótipos sobre esses povos. Desse modo, o nosso trabalho insere-se dentro de um campo combativo a esses posicionamentos preconceituosos. Acreditando que a educação e o ensino de história podem colaborar para uma sociedade mais justa.

 Palavras-chave: Primeira República. Povos indígenas. Representação. Moral e civismo.