Mark Lanegan (1964-2022) se tornou conhecido como vocalista da banda de rock alternativo Screaming Trees, especialmente, na primeira metade da década de 1990, com a explosão do grunge, a partir de Seattle-EUA. Posteriormente, engajou-se em colaborações com outros músicos e em carreira solo, dividida, nos seus últimos anos de vida, com a escrita – memorialística e poética – e a pintura. Analisa-se a filosofia do artista, concebida como “ethos” (“maneira de viver”, nos termos do filósofo Pierre Hadot), com base em sua obra e em sua fortuna crítica. Os resultados, provisórios, da investigação, apontam para a mutação de uma identidade, calcada na revolta niilista e hedonista do punk, em outra, de trovador solitário, sombrio e trágico, fundada na aceitação, estoica, do destino, e da punição, cristã, evocada no folk, no blues e no gótico. As conclusões, parciais, sugerem a viabilidade de compreender a produção artística de Mark Lanegan como “experiência” (de si e do mundo), afim com o “exercício espiritual” e, mesmo, a “conversão”, filosófica ou religiosa (cf. Pierre Hadot).
Palavras-chave: Mark Lanegan. Ethos. Arte. Filosofia. Religião.