O presente trabalho constitui uma etapa fundamental da pesquisa em curso no âmbito do programa de Mestrado Profissional em Ensino de História (Profhistória – UFC). A pesquisa-ação desenvolvida tem como parte de seu processo a análise do percurso de uma disciplina eletiva ministrada em uma escola de Ensino Médio vinculada à rede pública do estado do Ceará em 2023. Na eletiva temática intitulada “Memória e cultura afrobrasileira e indígena”, utilizei principalmente da linguagem audiovisual do videoclipe, entendida como uma forma de expressão artística e de comunicação, propondo o engajamento das/dos estudantes em discussões sobre História do Brasil que sejam balizadas a partir de narrativas de existências e resistências anticoloniais. Para além do trabalho com os videoclipes selecionados, fizemos a leitura coletiva de trechos de textos de Lélia González e Angela Davis, e outros materiais foram disponibilizados para as/os estudantes, como reportagens, faixas musicais e livros. O cerne deste trabalho, portanto, reside na promoção de espaços propícios para a reflexão crítica e a mobilização de sentimentos suscitados pela audiovisualidade e suas narrativas. A partir da integração entre teoria e prática, é estabelecida uma discussão sobre a arte enquanto meio para emancipação de sujeitos e grupos, e como construção de novas referências, especialmente em contextos históricos marcados pelo colonialismo como alicerce do capitalismo e do racismo como sua base estrutural, como é o caso do Brasil. Para embasar essa discussão, são trazidas contribuições teóricas de pensadoras/es como Beatriz Nascimento, Lélia González, Paulo Freire, Angela Davis, Audre Lorde e bell hooks. A arte que se analisa é compreendida para além de uma manifestação isolada; considerada parte integrante da realidade material, capaz de moldá-la e ser moldada por ela, e traz consigo leituras de mundo, tanto por quem a produz quanto por quem a acessa e lhe atribui significados. Por fim, ressalta-se a importância de cultivar uma audiovisão ativa e crítica ao explorar a linguagem do videoclipe junto às/aos estudantes. Para tanto, é importante a perspectiva de Lev Vygotsky em “Psicologia da Arte” (1960), que destaca o movimento dialético entre a cognição e as emoções humanas, rejeitando abordagens dualistas desses aspectos. Busca-se, por fim, durante esse processo, vivenciar o momento de apreciação artística e a emoção proporcionada pela arte, para, posteriormente, analisar as produções em suas peculiaridades e contextos.
Palavras-chave: Ensino de História. Videoclipe. Arte. Emancipação. Anticolonial.