Este texto tem como objetivo discutir as diferentes maneiras com que a experiência dos Ginásios Estaduais Vocacionais (GVs) de São Paulo, que existiram entre 1961 e 1969, é lembrada pela historiografia. Para isso, analisei alguns textos: as teses de Joana Neves (2010) e Maria Nilde Mascellani (2010), respectivamente, ex-professora do Vocacional de Barretos e ex-coordenadora do Serviço de Ensino Vocacional (SEV), a dissertação e a tese de Daniel Chiozzini (2003; 2010), a tese de Carlos Bizzocchi (2022) e os textos de três autoras consideradas “clássicas” na historiografia do ensino de história: Thaís Fonseca (2003), Maria Auxiliadora Schmidt (2012) e Circe Bittencourt (2008). Com isso, aponto como as análises feitas por Neves e Mascellani, devido principalmente à proximidade que tiveram com a experiência, diferem das dos demais autores e autoras. Concluo que, com o passar dos anos, a historiografia sobre os Vocacionais tendeu a descrevê-los como mais uma “escola de esquerda” típica dos anos de 1960 no Brasil, assim descaracterizando-os e resumindo a prática pedagógica inovadora dessas escolas e a filosofia que lhe deu base a algo que não corresponde à realidade daquilo que suas equipes executaram, e sim atende aos interesses dos responsáveis por sua extinção: os militares.
Palavras-chave: Ginásios Vocacionais. Ensino de história. Historiografia do ensino de história.