Essa pesquisa tem por objetivo examinar as relações entretidas entre o Patrimônio Cultural, circunscrito ao Centro Histórico de Natal e as possibilidades do seu uso, inventário, salvaguarda e preservação, através da prática do Turismo Cultural e da Economia Criativa. Teorizar e trabalhar com o Patrimônio Cultural é teorizar e trabalhar com uma temática de fronteira e que abarca uma série de áreas do conhecimento científico podendo elas serem decodificadas em diversas disciplinas que tratam do assunto. Áreas como: o Turismo, a História, a Geografia, a Arquitetura, a Antropologia, as Políticas Públicas, para citarmos alguns exemplos de como se pode configurar as possibilidades de forma interdisciplinar ou multidisciplinar. Por isso, como estamos compreendendo o uso pelo Turismo do território demarcado como Centro Histórico da cidade do Natal e do Patrimônio Cultural (material e imaterial) nele inserido. A cidade do Natal, fundada na data de 25 de dezembro de 1599, nasceu a beira do Rio Potengi, com as suas primeiras edificações construídas entre a parte baixa (área onde as primeiras embarcações atracavam, conhecida como Ribeira), a parte alta da cidade (como a atual praça André de Albuquerque local da realização da primeira missa, local também escolhido para a construção da Igreja de Nossa Senhora da Apresentação – padroeira da cidade e nesses arredores). Essa aérea inicial da cidade, considerada o seu Centro Histórico foi tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, no ano de 2010. Um dos principais motivos que levaram a esse reconhecimento pelo Instituto foi a combinação entre os valores artísticos (edificações construídas em diversos épocas e estilos arquitetônicos variados) e os valores paisagísticos (representados pelo próprio rio, os manguezais e os resquícios de Mata Atlântica preservada). Esse tombamento colocou sob vigilância para garantia de preservação 150 edificações existentes na área delimitada (200 mil m²) estando grande parte das mesmas divididas entre os bairros da Ribeira (Cidade Baixa) e Cidade Alta. Encontramos entre essas, construções que representam desde o estilo Barroco, passando Rococó e Maneirismo (exemplificados principalmente pela arquitetura religiosa, mas também pelo Museu Café Filho e pela casa do Padre João Maria), com exemplares também do Ecletismo e de características de Art Nouveau e de Art Déco, chegando a estilos mais recentes como o Moderno (exemplificados pela arquitetura civil nas diversas casas e casarões existentes na área, como também por algumas sedes administrativas e palácios). Para além desse centro histórico tombado, delimitado, com seus edifícios seculares, existe um centro que fervilha através de um comércio popular, com lojas, restaurantes, mercados populares, entre outros, que negociam desde produtos industrializados e importados até materiais produzidos regionalmente e comercializado na condição de artesanato ou mesmo comidas “típicas” representativas de uma gastronomia dita “cultural”. Que fervilha em momentos também já tradicionais e muito marcantes na vida do natalense como o da Festa de Nossa Senhora da Apresentação (padroeira da cidade) ou mesmo do Carnaval (que tem parte de sua festa acontecendo nesta área), além de atividades artísticas em locais já conhecidos como as do Beco da Lama.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Centro histórico de Natal. Turismo cultural. Economia criativa.