A presente comunicação objetiva problematizar as narrativas sobre o Encontro Mestres do Mundo (EMM), iniciativa da Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT-CE) que integra as ações de patrimonialização dos “Tesouros Vivos” (pessoas, grupos e coletividades reconhecidas como patrimônio cultural imaterial do estado). Realizado, pela primeira vez, no ano de 2005, na cidade de Limoeiro do Norte, o EMM tornou-se um momento de grande visibilidade para a SECULT-CE e os agentes implicados nesse processo. Em 2017, o Encontro Mestres do Mundo recebeu o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, reconhecimento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para iniciativas de salvaguarda do patrimônio cultural. Com 15 edições realizadas, o evento já esteve presente em diversos municípios do estado (Limoeiro do Norte, Crato, Aquiraz, Sobral, Fortaleza, Quixadá e Juazeiro do Norte), e é apresentado como ação de relevância para a garantia da salvaguarda dos saberes tradicionais populares ali presentes. Mediante uma análise dos catálogos produzidos ao final de cada evento, buscamos refletir sobre as seguintes questões: qual o lugar da política dos “Tesouros Vivos” nas ações de patrimonialização do Ceará? Como as ideias de “cultura popular”, “patrimônio” e “folclore” são enunciadas nesse contexto? Quais são os grupos, sujeitos e instituições evidenciados e/ou ocultos? Qual o lugar do Encontro Mestres do Mundo na organização de um discurso da SECULT-CE para o campo do patrimônio cultural? As reflexões aqui propostas estão articuladas com uma proposta mais abrangente, que é a de compreender como a política dos “Tesouros Vivos” é mobilizada pelo Ceará na constante disputa por instituir um lugar no campo do patrimônio.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Encontro Mestres do Mundo. Tesouros Vivos do Ceará.