Esse texto é parte das reflexões de pesquisa em andamento no doutorado em História Social da Universidade Federal do Ceará – UFC, e aborda o trabalho e os trabalhadores das fábricas de cerâmica da Região Baixo Jaguaribe, CE. O período compreende as duas primeiras décadas dessa atividade na sua forma industrial, ou seja, do ano de 1964, quando foi montada a primeira fábrica de cerâmica na região, até o ano de 1994. De modo específico, através de fontes orais e análise de processos trabalhistas, investigamos situações de risco à saúde dos operários. As narrativas reconstituem suas experiências nas diversas fábricas de cerâmica, as funções que desempenhavam, as jornadas exaustivas, condições do ambiente de trabalho, acidentes, expondo circunstâncias nas quais a saúde e a integridade do corpo eram colocadas em risco. Por sua, vez, os processos trabalhistas analisados indicam a fragilidade dos vínculos empregatícios, desrespeito a legislação do trabalho e busca de reparação de injustiças por parte dos trabalhadores. Portanto, a precarização é notada nas condições materiais do trabalho e nas relações estabelecidas, além disso, os vários casos de amputações registrados e narrativas de adoecimento de ex-operários dessas fábricas indicam que, historicamente, as condições de trabalho nesse setor produtivo fizeram acumular prejuízos à saúde de vários desses trabalhadores.
Palavras-chave: Precarização. Trabalho. Saúde. Cerâmica.