O Leprosário Antônio Diogo foi construído em 1928, na cidade de Redenção, com o intuito de controlar a endemia de “lepra” no estado do Ceará. Atualmente a instituição é denominada de Centro de Convivência Antônio Diogo e possui em seu acervo documentos não só do setor administrativo, mas também cartas que contêm relatos do cotidiano dos internos. Esses documentos produzidos e recebidos pela Colônia Antônio Diogo nos possibilitam alcançar parte do cotidiano dos internos, nos dando a possibilidade de compreender a organização social e as relações internas dos leprosos de modo que possamos entender como um espaço de segregação e controle social torna-se um lugar de afetividade. Ou seja, a partir desses documentos podemos compreender em que medida a “lepra” interferia nas relações sociais dos internos, sejam essas relações entre eles, com a administração da Colônia e/ou com as pessoas fora dos muros da Colônia a partir de documentos presentes na instituição. Com base na coleta de dados das correspondências de 1950 a 1980, presentes no acervo do Laboratório do Centro de Convivência Antônio Diogo – aliado ao levantamento e discussão bibliográfica – essa pesquisa exploratória, vem sendo desenvolvida no âmbito da pós-graduação (mestrado) e têm examinado os fenômenos sociais em torno da sociabilidade dos leprosos da Colônia Antônio Diogo. Os resultados parciais da pesquisa evidenciam que os internos na Colônia tiveram que reinventar suas vidas diante das delimitações físicas e institucionais e a despeito do sofrimento causado pela doença, seu tratamento e isolamento compulsório.
Palavras-chave: “Lepra”. Cotidiano. Leprosário Antônio Diogo.