Este trabalho se propõe a refletir sobre os embates travados entre feministas radicais e putafeministas sobre suas posições em relação à prostituição. Esta reflexão se dará a partir da análise das autobiografias de Gabriela Leite e Monique Prada e dos posicionamentos públicos de organizações que reivindicam o feminismo radical, analisando como essas narrativas mobilizam um acalorado debate sobre sexualidade, moral e papéis de gênero no Brasil. Gabriela Leite foi uma das pioneiras no debate da prostituição para a sociedade brasileira com uma fala em defesa da escolha das mulheres pelo seu próprio destino e da luta permanente contra a marginalização. Já Monique Prada trouxe à tona os embates travados por prostitutas dentro e fora do movimento feminista no país. Numa disputa entre conservadores e progressistas sobre a temática da prostituição no Brasil, nota-se que as prostitutas não encontram espaço em nenhum dos lados, tendo que traçar o seu próprio campo, o Putafeminismo, que reivindica um caminho sem as tutelas dos discursos salvacionistas. As narrativas das lideranças deste movimento ajudam a compreender um pouco desse caminho que se anuncia com possibilidades de agência e emancipação. Diante deste contexto, as reflexões que se quer desenvolver nesta pesquisa giram em torno das questões levantadas por essas narrativas sobre o meio prostitucional e os embates dentro do movimento feminista no Brasil, nas últimas três décadas. A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica e análise das fontes, firmando um diálogo com a teoria, através das técnicas de análise de conteúdo e de análise do discurso. A pesquisa utilizará como principais fontes as obras de Gabriela Leite – Eu, mulher da vida (1992) e Filha, mãe, avó e puta: a história de uma mulher que decidiu ser prostituta (2009); e de Monique Prada – Putafeminista (2018).
Palavras-chave: Prostituição. Putafeminismo. Feminismos. Autobiografia.