Operários do Banabuiú: a construção e os construtores do açude Arrojado Lisboa (1952-1966)

Autor(a) principal: Sebastião Rubens da Silva Sousa
Co-autor(a): -

O presente resumo, apresenta um breve panorama das discussões desenvolvidas no trabalho de conclusão de curso no ano de 2023, pela Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC). Buscamos tratar sobre o cotidiano de trabalho dos operários do açude Banabuiú durante a sua construção, entre 1952 a 1966. O açude Arrojado Lisboa (seu nome oficial) foi uma obra realizada pelo Departamento Nacional de Obra Contra as Secas (DNOCS), que demandou ocupação de mão de obra operária, com ritmo de trabalho acelerado e emergencial, que nos instigam a investigar os acontecimentos pormenorizados que estão relacionados ao descaso social com a classe trabalhadora pobre que viveu em meados do século XX. Resultado de uma série de ações que ficaram conhecidas como “socorros públicos”, essas construções foram acionadas a fim de minorar os efeitos das secas sobre os chamados “flagelados” no Nordeste do país. As obras públicas ficaram registradas como um marco onde os serviços de controle das secas expandiam, juntando em seus arredores um aglomerado de homens, mulheres e crianças, ou seja, famílias inteiras em seus assentamentos. Logo, quem vivia nesse cenário, dependia muito dessas ocupações do governo federal para sobreviver, e não se tornar retirante com destino aos espaços citadinos, conforme a grande seca de 1877, uma realidade adversa que denunciava o desdém dos governantes da época. Com base no exposto acima, buscamos analisar aspectos voltados ao atendimento médico, doenças, mortandade e como eram os abarracamentos destinados aos operários ditos “cassacos”, termo pejorativo usado ao citar aquele antigo trabalhador do campo que se introduz nos serviços públicos para empenhar seus esforços em atividades laboriosas em funções diversas. Ademais, ao traçarmos um caminho de estudo, foi de grande utilidade os relatórios anuais das obras do açude Banabuiú encontrados na biblioteca do DNOCS no ano de 2022, do mesmo modo que monografias, artigos e sobretudo, a história oral, para assim fazer uma correlação com as fontes teóricas, no intuito de aferir suas similaridades e antagonismos. A partir das discursões realizadas, entre as leituras e narrativas de familiares próximos dos antigos operários, obtidas através de entrevistas feitas ao longo da pesquisa, inferiu-se que existiu um tipo de trabalho regrado a cargas horárias extensas e intensas de serviços, precária moradia e atendimento médico contestável, considerando àquela precária higiene disponível aos empregados. Entretanto, não findamos o debate por aqui, influenciados pelo caminho já percorrido, temos agora novas possibilidades de análise no campo histórico de investigação. Enxergamos esse estudo como inacabado e que sempre terá lacunas para serem descobertas e redescobertas.

 Palavras-chave: Operários. Açude Banabuiú. Seca. DNOCS.