A presente comunicação tem por objetivo pensar a conquista da palavra nos sertões de Crateús, entendendo como a leitura radical e escrita popular contribuíram para formação das variadas maneiras de resistências. Nosso recorte temporal acompanha os anos de 1964 até 1989. Nessa esteira, temos o propósito em buscar a discussão em torno da articulação entre escrita e leitura, buscando a relação com a formação de resistências de camponeses, trazendo elementos da cultura para compreender as formas de resistir aos desmandos no campo. Para investigar o processo de leitura e escrita dos camponeses, utilizaremos as cartilhas da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, materiais pedagógicos da Diocese de Crateús, 17 cadernos editados pela Diocese de Crateús, em 1989, sob o título Fazendo a Nossa História. Além dessa documentação, temos acesso ao acervo digital do CEDOC (Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno). Para isso, os estudos de E. P. Thompson, James C. Scott, Natalie Davis, Christopher Hill, Geneviève Bollème e Frederico de Castros Neves, principalmente os que versam sobre a lógica e as formas das resistências populares, orientam nosso olhar na análise da relação entre a conquista da palavra e resistência campesina. O estudo apresentado é fruto de um dos capítulos da dissertação, ainda em desenvolvimento, “Diocese de Crateús: escrita popular, leitura radical e resistência (1964-1989)”. Através da pesquisa, destaca-se o longo trabalho feito pela Diocese de Crateús com os camponeses, sobretudo na organização de base, como as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), espaços de aprendizado e compartilhamento da leitura e escrita dos camponeses. As cartas enviadas ao jornal “O Roceiro”, oferece importantes indícios de como a conquista da palavra influenciou na diversificação da resistência.
Palavras-chave: Diocese de Crateús. Leitura Radical. Escrita Popular. Resistência.