A apresentação discute o modo como o contista, romancista, poeta e professor Sérgio Andrade Sant’Anna e Silva (1941-2020), entre meados dos anos 1970 e 1980, tensiona a “Geração 64” durante a “redemocratização” no Brasil, a partir daquilo que está à margem das narrativas tradicionais dessa geração – o espectador, a cultura de massa e os pobres – para problematizar as fronteiras dessa invenção geracional, invenção que se dá por meio do “memorialismo” da geração de 1964 (Bastos, 2000), cujo foco está na temática da luta armada e de suas implicações: culpa, exílio, delações, etc. (Perlatto, 2014). Em Sérgio, todavia, há uma preocupação com uma esfera ainda pouco discutida daquele período: o cotidiano entre 1970 e 1980. Assim, o autor busca fazer uma crítica ao modo como se dá a memória dessa geração, centrada na figura do intelectual classe média de esquerda, ao mesmo tempo em que reflete sobre a relação desta geração com a história e a literatura, quer dizer: como tecer uma escrita da história de períodos autoritários como a ditadura de 1964 de modo a torná-la comum? De que maneira, por sua vez, os dilemas democráticos – a proliferação das imagens e das vozes da massa, a televisão e o excesso de informação – (in)possibilitam a construção de uma história sobre a Ditadura de 1964? Qual a relação entre narrativa e cotidiano em Sérgio Sant’anna?
Palavras-chave: “Geração 64”. Sérgio Sant’Anna. Cotidiano. Narrativa.