Esta pesquisa propõe refletir e desenvolver categorias de análise sobre testemunhos decorrentes de experiências traumáticas. A abordagem visa estreitar e atualizar as relações entre os conceitos de trauma (Sigmund Freud) e fantasmagoria (Walter Benjamin). A noção de fantasmagoria da violência encontra paralelos em estudos (Jaime Ginzburg) sobre memória e literatura, articulando formas de linguagem, como a repetição de metáforas, analogias, gestos, ocultamentos, silêncios, atos-falhos e imagens que surgem da expressão e esforço de estruturar o testemunho como exposição do horror. Investigar testemunhos de tortura, por exemplo, tensiona o processo metodológico da pesquisa histórica para pensar o relato como linguagem visual (Aléxia Bretas), estabelecendo vínculos e suporte de imagens dialéticas. Buscar como essas imagens surgem na linguagem, sendo, ao mesmo tempo, forma e conteúdo da experiência traumática e fantasmagórica é a problemática atual desta proposta. Nossa hipótese sinaliza que elas descrevem e revelam tempos históricos, podem ser compreendidas como indicadores e, dispostas em conjunto, diagnóstico de tempo, uma vez que denunciam as contradições da realidade em termos de barbárie e catástrofe, por isso a característica dialética. Assim, a pesquisa metodológica que se apresenta aqui se fundamenta em uma base empírica de testemunhos de torturas, ocorridas durante a ditadura militar chilena.
Palavras-chave: Testemunho. Violência. Pesquisa histórica. Método.