Esta pesquisa se debruça sobre o uso alimentar da bromélia macambira na rede municipal de ensino de Boqueirão-PB (2002-2023). O objetivo deste trabalho é analisar as memórias de alguns sujeitos do Semiárido paraibano sobre o uso da macambira na alimentação humana. O nosso intuito é refletir no ambiente escolar sobre a segurança e a diversidade alimentar ao valorizar os saberes e sujeitos do bioma Caatinga e de formar nos educandos a consciência histórica sobre o Semiárido. Por isso, problematizamos como a bromélia macambira fez parte do cardápio alimentar dos habitantes de Boqueirão-PB e como a escola pode se apropriar e fazer uso desse saber culinário para combater os problemas socioambientais no tempo presente. Para termos acesso a essas memórias (Candau, 2019), usamos a História Oral (Alberti, 2004; 2019) e como metodologia, utilizamos a cartografia sentimental (Rolnik, 2016; Guatarri e Rolnik, 1996) para ler os documentos. Pautados em Certeau (1982; 2019; 2023) construímos uma história do cotidiano, dando destaque às sensibilidades (Pesavento, 2007; 2008) e aos afetos (Espinosa, 2003) presente nas experiências (Larrosa, 2019) alimentares dos boqueirãenses. Com a aplicação de um projeto de intervenção de doutorado em História (UFPE) sobre o bioma Caatinga, na Escola Municipal Ozias Francisco de Normandia, localizada na comunidade Moita de Boqueirão-PB, entre agosto e dezembro de 2023, constatamos que a bromélia macambira pode ser uma alternativa para a diversidade alimentar e para o cultivo de alimentos de forma sustentável e que o estudo das memórias sobre esse saber culinário, por meio do gênero entrevista, contação de história, aula de campo, poesia etc., leva o estudante a formar a sua consciência histórica (Rüsen, 2015) sobre o Semiárido e consequentemente a amenizar os problemas socioambientais que prejudicam a natureza e a humanidade na contemporaneidade.
Palavras-Chave: História. Ensino. Alimentação. Macambira. Semiárido.