Nesta pesquisa me concentro em debater questões mais conceituais como cultura popular e branquitude na frequentemente chamada Belle Époque de Fortaleza, fim do século XIX e início do século XX. Compreendo a Belle Époque como um discurso que opera dentro da lógica da colonialidade, impondo um padrão de dominação desenvolvido pela modernidade que, por sua vez, incide na realidade dos corpos colocados em dissidência em relação às estruturas de poder e a branquitude como uma racialidade historicamente construída como uma ficção de superioridade que beneficia materialmente e simbolicamente pessoas brancas. Os meus argumentos são fruto do desdobramento das minhas pesquisas de mestrado e de doutorado sobre a relação entre cultura popular e a música que emergiu de forma concomitante ao desenvolvimento urbano. Os documentos analisados são canções registradas em partituras e discos de 78 rpm, dos acervos da Banda de Música da Polícia Militar do Ceará e de Miguel Ângelo de Azevedo, além de correspondências, livros de música, livros de crônicas e periódicos. Reflito sobre essas questões com base nos estudos decoloniais, um campo amplo, com autores herdeiros de distintas tradições teóricas, mas que apresentam em comum perspectivas epistemológicas disruptivas sobre os impactos historicamente causados pelo capitalismo em sua relação com o colonialismo. Acredito que esse tipo de abordagem funciona como uma provocação que tenciona e enriquece a agenda de problemas da Teoria da História e da História da Historiografia.
Palavras-chave: Cultura Popular. Branquitude. Decolonialidade.