História: Igreja católica e Inquisição portuguesa: estudos de gêneros e relações de poder e decolonialidade

Autor(a) principal: Joseane Pereira de Souza
Co-autor(a): -

No contexto da Reforma católica, a Inquisição Portuguesa foi um dos mecanismos de imposição do catolicismo como religião oficial na metrópole e nas colônias. As terras do Brasil estavam sob a alçada do Tribunal de Lisboa, que formou uma rede de oficiais encarregados de manter o controle da fé e reportar os casos de heresias e atitudes consideradas imorais para Lisboa, já que no Brasil não houve a instalação de um Tribunal. Os Estudos de Gêneros nos permite entender como as instituições incorporam os gêneros nos seus pressupostos e nas suas organizações sociais determinando papéis aos diversos sujeitos do processo histórico. Assim sendo, utilizaremos documentos produzidos pela Igreja católica e pela Inquisição para refletirmos como essas duas instituições foram produtoras de estereótipos de gêneros. Nessas fontes percebemos as imposições de saberes e costumes europeus, cristãos e patriarcais sobre as práticas que se afastassem deles, determinados como únicos aceitos. Nesse sentido, buscar-se- a aqui entender os mecanismos de ações do Tribunal da Inquisição portuguesa, enquanto aliado do catolicismo na tentativa de manter-se como religião hegemônica; compreender a construção dos mecanismos e dispositivos de gêneros nas relações de poder por meio dessas instituições; refletir e explorar as possibilidades da utilização das fontes eclesiásticas e inquisitoriais para os Estudos de Gêneros e escrita da História numa perspectiva decolonial. A decolonialidade caminha na perspectiva de problematizar a colonização intelectual que nos foi imposta juntamente com o processo de colonização dos territórios. Pensadores decoloniais, como Anibal Quijano, traz como conceito central a “colonialidade do poder”. Tendo como objetivo problematizar a matriz eurocêntrica que constitui o nosso modo de pensar a temporalidade histórica e redefinir uma abertura a novas análises que possam aglutinar maneiras diversas de pensar e experienciar o tempo e as formas de vida. Assim, pensamos que há uma colonialidade do poder que instituiu uma maneira particular de pensar a temporalidade europeia, como padrão universal e natural, desconsiderando outras formas de povos e culturas e o Tribunal da Inquisição Portuguesa foi um elemento desse processo.

 Palavras-chave: Decolonialidade. Relações de gênero. Inquisção. Solicitação.