O presente trabalho consiste em compreender o cânone literário piauiense, problematizando como se davam as disputas de pertencimento e validação deste, a partir da escrita e da repercussão da atuação literária de Herculano Moraes (1945-2018), escritor piauiense. Dessa forma, busca-se aqui analisar o momento histórico e cultural ao qual o escritor estava imerso, período que começa no final dos anos 1960 e vai até a década de 2010, discutindo os principais atores e fatores que levaram este período a ser tão emblemático em sua trajetória. A geração CLIP (Círculo Literário Piauiense), da qual o escritor fazia parte, possui destaque central na pesquisa, por ser o ponto de partida para pensar a relação de Herculano Moraes com o cânone literário. Tendo a geração literária anterior, a geração Meridiano, parado as atividades no estado, surge, em 1967, a geração CLIP, fruto da união de escritores, jornalistas, teatrólogos, dentre outros intelectuais e agitadores culturais, que se viam descontentes com o cenário cultural estadual que estavam vivendo naquele momento. Nomes como Hardi Filho, Francisco Miguel de Moura e Herculano Moraes compunham o grupo que fundou a geração e que viram, na esteira de sua fundação, surgirem outros movimentos literários, como a UBE/PI, a geração mimeógrafo e mesmo a fundação da Secretaria de Cultura do Estado. Na pesquisa, pensa-se os conceitos de geração e de intelectuais a partir das proposições de Sirinelli (2006). Também dialogamos com a historiografia piauiense a partir dos estudos de Gutemberg (2010) e Fontineles Filho (2016). No tocante aos estudados de História e Literatura, dialogamos com Darnton (2011) e Sevcenko (1985). Portanto, através da pesquisa documental e bibliográfica, concluímos que Herculano Moraes atuou fortemente na construção de um novo cenário cultural piauiense, que, fomentado com a contribuição de outros intelectuais da época, acabou por dar novas formas de usos deste cenário.
Palavras-chave: História. Geração. Cânone Literário. Herculano Moraes. Intelectuais.