O presente trabalho é parte da investigação de uma pesquisa doutoral em curso. O objetivo aqui é apresentar a relação das mulheres brasileiras com a Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM). Fundada em Paris, a FDIM contou com a participação das brasileiras desde o seu congresso de criação entre os dias 26 a 30 de novembro de 1945 na Maison de la Mutualité. Embora a FDIM, ao longo da sua existência (1945 – dias atuais), nunca tenha se declarado oficialmente como um organismo comunista, defendeu pautas e princípios comuns à esquerda, possuiu suas dirigentes vinculadas aos Partidos Comunistas de seus países de origem e recebeu verbas da URSS em tempos de Guerra Fria, motivos que levaram o governo brasileiro a tachar a organização de comunista. Se em 1945 é possível observar representantes da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) no I Congresso da FDIM, o perfil das organizações e mulheres vinculadas à FDIM vai se alterando à medida em que a bipolarização na Guerra Fria vai se acirrando. Foram as mulheres vinculadas ao periódico O Momento Feminino, ao Instituto Feminino de Serviço Construtivo (IFSC) e a Federação de Mulheres do Brasil (FMC), boa parte delas vinculadas ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), que se destacaram no diálogo com a FDIM a partir de 1947. A partir de boletins informativos, atas das reuniões e Congressos da FDIM, das edições da revista Mulheres do Mundo Inteiro e do Momento Feminino busca-se aqui analisar a construção dessa rede feminina entre 1945 e 1964. O recorte deste trabalho vai até 1964 em decorrência de demonstrar, na seara do estudo doutoral, como essa rede feminina proporcionou o auxílio às comunistas brasileiras que precisaram se exilar, levando em conta o caso da comunista brasileira Ana Montenegro que atuou na FDIM durante todo o exílio (1964-1979).
Palavras-chave: Mulheres. Guerra Fria. FDIM. FMB. O Momento Feminino. Mulheres do Mundo Inteiro. Exílio.