A proposta da presente comunicação é discutir as invenções corpóreas que o escritor brasileiro Afonso Henriques de Lima Barreto fez de si como burocrata. No desenvolvimento do debate será analisa as notas que compuseram o seu Diário Íntimo, especialmente os registros que produzem visivilidades e dizibilidades do espaço burocrático. Debate restrito ao cotidiano das Secretarias de Estado, que ganharam notas ao longo dos anos que o autor exerceu as funções de amanuense, no Ministério da Guerra. Ao longo da vida, Barreto dispôs em cadernetas uma série de escritos pessoais que demonstram a intenção de construir mais do que um arquivo, com fios datados da existência. Para além do desejo de relatar a malha do vivido, os registros do diário são vestígios de um corpo. Um corpo simbólico (LEJEUNE, 2008) que sobreviveu a finitude, e difere do corpo real no qual as carnes padecem com o tempo. É o corpo do burocrata que emergi em meio as críticas e as análises que Barreto fez do comportamento e das atitudes dos colegas e dos chefes de sessão. Questão que pode tornar problemático a imagem, reiterada por parte dos pesquisadores limabarretianos, que as idealizações que o escritor manteve com a arte literária constrangeu a existencialização do homem de Estado.
Palavras-chave: Burocracia. Corpo. Espaço.