Os termos derivados da palavra eurocentrismo são frequentes em trabalhos de História, Educação e Ensino de História, contudo sua formulação teórica é apresentada raramente, sendo predominante, por exemplo, a utilização de expressões de acusação como “essa perspectiva é eurocêntrica” ou ainda dizer que uma proposta é “anti-eurocêntrica”, tais equivalências revelam dificuldades na própria compreensão do fenômeno histórico do eurocentrismo, bem como na forma com que ele estrutura elementos do ofício historiográfico e da criação/desenvolvimento de uma matriz disciplinar. Enquanto conceito científico ‘eurocentrismo’ é de formulação recente e não tão difundida, é popularizado principalmente com as interpretações de Samir Amin (cuja obra principal ‘O eurocentrismo crítica de uma ideologia’ só vem ter publicação em língua portuguesa em 2021), e do geógrafo James Morris Blaut, um dos principais proponentes do uso seu uso enquanto um conceito, estando ausente, por exemplo, do reconhecido e influente autor Edward Said. O presente trabalho faz parte de uma pesquisa maior sobre orientalismo/orientalização no Ensino de História, e identifica como livros do professor de cinco coleções diferentes (todas dos anos finais do Ensino Fundamental) apresentam, usam, conceituam ou não o eurocentrismo, referenciando ou não autores, tanto nas seções dos manuais em que os exemplares se comunicam com os professores, quanto nos elementos textuais que visam comunicar-se com os estudantes e/ou avaliadores oficiais do PNLD. Por meio da análise de conteúdo e da análise de argumentos, localizou-se apenas 51 ocorrências do termo eurocentrismo e seus derivados ao longo dos 20 livros das cinco coleções, sendo feitas correlações vagas e/ou problemáticas com o conceito de etnocentrismo, bem como melhores ou piores apropriações do conceito e de perspectivas anti-eurocêntricas nas propostas de ensino apresentadas por tais manuais, identificando, portanto, similaridades entre as coleções, como diferenças, evidenciando que os manuais escolares, possuem funções e potencialidades diversas para sua utilização escolar, sempre dependendo da própria realidade escolar e das próprias concepções dos profissionais de ensino.
Palavras-chave: Eurocentrismo. Livro didático. Ensino.