O ensino de história tem sido um campo fecundo para o desenvolvimento de pesquisas que se debruçam sobre os dilemas do ensino e também da aprendizagem histórica. Nesse sentido, a utilização de linguagens artísticas, como a da música, pode constituir-se como potente recurso de mobilização dos sujeitos no processo de ensino-aprendizagem. O presente estudo, fruto de pesquisa direcionada à produção da dissertação de mestrado requerida para a obtenção do título de mestre pelo PROFHISTÓRIA-UFC, assim, investiga possibilidades e potencialidades de usos da canção popular – nomeadamente da modinha seresteira – como fonte e recurso didático para o ensino de história. Tendo como recorte as modinhas compostas por Raimundo Ramos “Cotôco”, criadas entre os anos de 1888 – 1916, além de outras fontes – como modinhas e textos literários de outros autores e compositores contemporâneos, discute-se a criação de uma sequência didática de aulas-oficina voltada para o ensino médio, orientada pela perspectiva da cognição histórica situada, destacando-se as proposições de Maria Auxiliadora Schmidt, Peter Lee e Isabel Barca e em diapasão com uma frequência anticolonial, com referência em Bell Hooks e Frantz Fanon. Utiliza-se no corpo deste estudo, a título de exemplo, a experiência de aplicação de uma aula-oficina centrada na análise da modinha “Não faz mal”, de 1901, de autoria de Raimundo Ramos, e o “circuito de comunicações” envolvido na primeira gravação, de 1906, realizada na Casas Edson, estúdio situado no Rio de Janeiro, sendo interpretada pelo cantor Mário Pinheiro. Nesse sentido, para promover a reflexão em torno das modinhas seresteiras como documentos musicais em uma aula de história, dialoga-se com Katia Abud, José D’Assunção Barros, Miriam Hermeto e Olavo Soares, que instigam a problematização de tais documentos, considerando as especificidades da linguagem musical para o conhecimento histórico e para o ensino de história. Cumpre salientar que são consideradas as categorias de gênero, raça e classe, na esteira do conceito de interseccionalidade, bem como os conceitos de empatia histórica, temporalidades e fontes históricas.
Palavras-chave: Ensino de História. Canção popular. Aula-oficina.