O objetivo deste trabalho foi analisar as imagens das mulheres trabalhadoras domésticas, especificamente como amas de leite em Fortaleza – CE, publicadas nos jornais no início do século XX. Após análise observamos que algumas profissões mantiveram em seu cotidiano traços muito fortes das relações de trabalho próprias da escravidão, como, por exemplo, castigos físicos, ausência de pagamento e outras características como inferiorização e preconceito. No caso do trabalho doméstico, até mesmo a caracterização das atividades inerentes à ocupação se manteve com as nomenclaturas do período escravista: as mulheres que trabalhavam no serviço doméstico continuaram sendo amas de leite, amas secas e “mães-pretas”. Somado a estas questões identificamos um discurso de valorização as implantações das ideias eugenistas na sociedade cearense, com base nas teorias raciais vigentes no período. Por fim, ao analisar as imagens de mulheres e algumas notícias publicadas no período, observamos que áreas como a segurança e a medicina foram fortemente influenciadas pelas teorias raciais, marginalizando cada vez mais estas mulheres, mantendo-as em uma categoria de subalternidade que ia se perpetuando ao longo dos anos.
Palavras-chave: Teorias raciais. Amas de leite. Pós abolição.