O presente trabalho é fruto da pesquisa de mestrado em andamento que se propõe a pesquisar os trabalhadores negros no pós-abolição do Piauí, a mesma se atem ao processo de historicização das perspectivas de trabalho discutidas e consolidadas na região no período oitocentistas e compreenderá os impactos destas políticas para a população negra na república nascente, objetivando compreender o local ocupado pela população negra na transição do trabalho escravo ao trabalho livre na região, como também investigar a agência histórica de sujeitos negros na construção associativa e mutualista do trabalho na sociedade piauiense. A princípio, coligada às ideias de disciplina ao trabalho e o controle social exercido pelo Estado sobre a população negra na república nascente, o presente trabalho visa investigar as práticas de tensionamento para com a sociabilidade no pós-abolição empenhadas pelo mesmo, que versam sobre o combate a ociosidade através das prisões. Se mostra latente a localização da população negra e a categoria de trabalho empenhadas por ela (lavradores, cargueiros, costureiras e etc.), que podemos ver através do Livro de Rol de Culpados e do Livro de detidos da Cidade de Teresina. Em ambos é possível ver a classificação de trabalho imposta/adotada pelas autoridades ao descrever os presos/detidos nas documentações, e com elas, em um jogo de escalas, segundo Lévi, perceber o mundo do trabalho que a população negra estava inserida. Ainda, é com essas denominações de trabalho que perceberemos o imobilismo social no mercado de trabalho, segundo Clóvis Moura, imposto a essa população, sendo assim, dos locais ocupados antes e depois da abolição da escravatura. Tal movimento pode ser percebido com o uso dos recenseamentos de 1872/1882, em diálogo com os documentos supracitados e com o recenseamento de 1940, o primeiro recenseamento na república que denotará a cor da população brasileira. Com uma pesquisa quantitativa e qualitativa das fontes, é possível responder os objetivos da pesquisa e assim compreender o pós-abolição piauiense, onde sua população negra está localizada, mas também quais as reminiscências do fim do cativeiro na região. O estudo se mostra de extrema importância pela carência de pesquisas que centralizem a população negra liberta nos estudos e consiga entender profundamente os impactos da abolição para o estado, fazendo com que se expanda as pesquisas, mas também as perspectivas sobre 80% da população piauiense, a população negra.
Palavras-chave: Pós-abolição. Piauí. Trabalho. População negra.