Escravidão e resistência: uma abordagem sobre a fugas de escravos entre Caiena e Pará.

Autor(a) principal: Deise Conceição de Sousa Pereira Sá - UFOPA
Co-autor(a): -

Este trabalho são notas iniciais de pesquisa sobre resistências à escravidão na capitania do Pará na segunda metade do século XVIII. Trata-se especificamente da análise da fuga de negros escravizados na fronteira entre Caiena e Pará. Busca-se compreender as múltiplas relações de interesse entre as Coroas Portuguesa e Francesa, ao que se refere à fuga de escravos. A partir de estudos em documentos do Arquivo Histórico Ultramarino (AHU), especificamente o ofício datado do ano de 1758, onde encontram-se correspondências trocadas entre o Bispo do Pará D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa e o secretário da Marinha do Ultramar Tomé Joaquim da Costa Corte Real, sobre a proposta do governador de Caiena para restituir os escravos refugiados na colônia portuguesa. Verificou-se que as questões burocráticas e diplomáticas entre as Coroas dificultavam a resolução e restituição dos escravos fugidos. Esse aspecto é importante, pois ao que parece os negros escravizados interpretavam e se utilizavam dessa fronteira, e dos imbróglios relacionados a trato conflituoso entre as duas Coroas, como mecanismo para fugir do cativeiro e buscar a liberdade. Nesse sentido, este trabalho busca compreender as múltiplas relações de interesse entre as Coroas, ao que se refere à fuga de escravos, e estes como sujeitos que mantinham suas resistências na Amazônia colonial.