Nesta comunicação, apresentaremos Cícero Brasiliense de Moura, que viveu entre 1863 e 1927 na Província/Estado da Parahyba do Norte. Descrito em um livro sobre paraibanos ilustres como “mestiço de sangue” (BITTENCOURT, 1914, p. 111), ele alcançou posições de poder e prestígio no contexto do pós-abolição, período em que restrições à participação negra na sociedade sobreviviam ao fim da escravidão e à mudança do regime político. Moura foi bacharel em direito, atuou como advogado, professor do Liceu Paraibano e da Escola Normal, foi delegado de polícia, procurador fiscal do Estado da Paraíba e juiz de direito, entre outros cargos. Como metodologia, analisamos fontes primárias, especialmente a imprensa. Buscamos o nome de Cícero Brasiliense de Moura na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, encontrando referências a ele tanto nas seções oficiais veiculadas nos jornais como em textos sobre a vida na sociedade paraibana. A análise das fontes primárias, aliada à interlocução com trabalhos de história e história da educação sobre intelectuais negros permitem a discussão sobre ser negro na Parahyba do Norte. Como aporte teórico, utilizamos a história social, especialmente com os conceitos de “história vista de baixo” e “experiência”, de E. P. Thompson. Pretendemos refletir sobre como fontes oficiais permitem ajudar a descortinar as experiências de sujeitos como Cícero Brasiliense de Moura que, apesar da origem demarcada pela menção à mestiçagem, ocuparam espaços importantes na sociedade local. Sua trajetória pode ajudar a descortinar as experiências negras no Brasil do final do século XIX e início do XX.
Palavras-chave: Intelectual negro. Parahyba do Norte. Século XIX. Fontes oficiais.