As representações da Colônia do Prata e Asilo do Tucunduba no Pará, no jornal Folha do Norte (1925-1937)

Publicado em: 05/03/2024
Autor(a) principal: Rodin Moura Miranda
Co-autor(es): -
Orientador(a): Elane Cristina Rodrigues Gomes
Área temática: História da Saúde e das Doenças

O atual texto busca apresentar o levantamento de fontes que fazem alusão à hanseníase no jornal “Folha do Norte”, no período de junho de 1925 a dezembro de 1937, que fez parte do PIBIC intitulado “História da Hanseníase na Amazônia: Estigmatização e Espaços de Memórias”. A partir desse levantamento, somado às palestras e rodas de conversas promovidas pelo projeto, houve a produção de uma nota de pesquisa publicada na coletânea “História das práticas da saúde e das doenças; epidemias e doenças”.      Nesse sentido, é primordial entender que trabalhar com fontes de jornais requer entender que estas são tomadas por intencionalidades daquele que a produzem, sendo assim, não podendo serem tomadas como verdades absolutas, mas como uma interpretação sobre aquele objeto (LUCA, 2005). Para realizar esse levantamento, foi solicitado aos bolsistas uma série de leituras referentes à hanseníase no Brasil e na Amazônia que pudessem introduzir a discussão e o objeto. Em sequência, foram utilizadas fichas de registros de fontes jornalísticas para elencar possíveis fontes dentro do setor de microfilmagem da Biblioteca Pública Arthur Vianna, catalogando a data, nº da edição, página, local da notícia, título e um breve resumo da mesma. Esse processo durou cerca de 5-6 meses, com visitas na frequência de 1-2 vezes por semana de dois bolsistas. Desse modo, foram levantadas cerca de 180 notícias sobre a temática nesse espaço de 12 anos. A partir disso, foi decidido solicitar a digitalização de 16 fontes para serem objeto de análise do projeto naquele momento. A escolha dessas fontes se fez na possibilidade de analisar as continuidades e omissões presentes nas fontes, uma vez que, imerso no contexto da Primeira República, a política sanitária aplicada à hanseníase se mostrava segregacionista, onde o indivíduo doente tinha sua liberdade retirada pelo Estado. Essas relações ficam nítidas durante a leitura das fontes e evidenciam ainda mais as desigualdades socioeconômicas aplicadas ao objeto em questão, onde indivíduos adoecidos com maiores condições financeiras buscavam receber melhores formas de tratamento, como é possível visualizar em fontes que solicitaram expressamente a construção de espaços separados, tanto dentro da Colônia quanto em isolamento privado,  e melhor construídos para indivíduos de famílias abastadas. Além disso, as autorias diversas das fontes, como de políticos, instituições religiosas, médicos e familiares de pessoas doentes, mostram diversas facetas e opiniões sobre as medidas profiláticas, como eram denominadas, onde por vezes há o incentivo à doações de objetos e valores à Colônia e ao Asilo, a fim de proporcionar uma leve melhoria no dia a dia do espaço, o que era tido como uma  possibilidade de amenizar as fugas que haviam. Por fim, o levantamento de fontes descrito neste texto se faz importante para repensar a História da Hanseníase a partir das fontes de jornais, buscando compreender quem são os sujeitos descritos, quem são os sujeitos que as escrevem, e quais as motivações e intenções que os esses indivíduos possuem ao escreverem sobre a doença.

Palavras-chave: Estigmatização. Hanseníase. Representações.

  1. Julia Loiola

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    Caríssimo autor, a pesquisa apresentada neste pôster é de uma temática bastante importante, já que quebra esteriótipos construídos a cerca de pessoas portadoras de lepra. Parabéns !

  2. Calebe Sousa Ferreira Serra

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    Clareza na explanação da pesquisa, tanto no resumo quanto na apresentação presencial, a qual tive o prazer de ouvir. Investigação bem fundamentada, resultados relevantes. Demonstra domínio do referencial teórico-metodológico e das informações tangentes ao ensaio propriamente dito. O potencial da presente e das futuras contribuições do discente ao campo é promissor.

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