A presente pesquisa tem como proposta fazer uma análise, a partir da leitura de base de dados, a dinâmica populacional na Amazônia do período colonial, focando de forma mais específica na região e capitania do Grão-Pará na segunda metade do século XVIII. Partindo dos pressupostos básicos da criação de sistemas nacionais de estatísticas na Europa que consistia em gerar um conjunto documental sequenciado e rico em dados populacionais incluindo o Estado Grão Pará e do Maranhão como Mapas de População depositados no Arquivo Histórico Ultramarino e digitalizado pelo Projeto Resgate, a finalidade do trabalho é explorar a diversidade interna da composição populacional da capitania, fugindo de modelos generalizadores que tendem a resumir a região ao extrativismo e a exploração da mão de obra indígena. Para tanto, avançaremos na análise comparativa de indicadores mais gerais de todas as freguesias que compunham o Grão-Pará, incluindo a análise da estrutura de seus domicílios. Como resultado foi possível fazer o planejamento de montagens de tabelas exibindo os seguintes indicadores populacionais por localidade: população total, quantia domiciliar, população dividida por sexo, isto é, chefias por homens e por mulheres, dividia por faixa etária, população dividida por origem/condição (livre, indígenas aldeado e escravo negro), seus ofícios, empregos, seus estados civis e quantos residem no mesmo ambiente tanto como parente quanto como assoldados. Vale destacar a atenção voltada à quantidade de chefiamento feminino de cada freguesia do Grão-Pará detalhando suas qualidades (branca, indígena, preta etc) seu estado civil (casada, viúva, solteira) e suas possibilidades (rica, mediana, pobre) detalhes que os mapas foram capazes de fornecer, fortalecendo o conceito de matrifocalidade – Formação familiar centralizada na mãe – na história do Brasil. Além de obter resultados referentes as principais produções de cada freguesia, foi levado em consideração os números e as profissões liberais tais como; cabelereiro, lavradores, Mercador, ourives e entre outros existentes de freguesias como Sé, Campina, Moju, Bragança, Macapá e Cametá elaborando assim tabelas informativas que diz respeito ao número total de domicílio e a qualidade de chefeamento. Juntamente com a transcrição e resumo de cada documentação colonial totalizada com mais de 40 documentações. O cruzamento documental foi um elemento crucial para a criação de um panorama geral da população da capitania, onde as diferenças internas serão destacadas. Para além de evidenciar as possíveis diferenças, o estudo de localidades especificas contribuirá para a compreensão do processo histórico que gestou tais diferenças, dentro do contexto de diversos eventos históricos como: a nomeação de Francisco Xavier de Mendonça Furtado como governador do Estado do Maranhão (1751); criação da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755), Lei de Liberdade Geral dos Índios (1757), Diretório Indígena (1757), a criação da capitania do Rio Negro (1757) e a expulsão dos jesuítas (1759). Ciclo econômico, mão de obra escrava, produções/plantações amazônicas, chefia indígena, chefia feminina e suas possibilidades na segunda metade do século XVIII são alguns dos vários assuntos presentes na pesquisa que merecem ser levados a público para fins de conhecimento e promoção de debates.
Palavras-chave: Amazônia. Colônia. Grão-Pará. Gênero. População.