Ditadura Militar no Alto Rio Negro: Reflexões acerca dos conflitos territoriais e do protagonismo indígena

Publicado em: 05/03/2024
Autor(a) principal: Adriely Nazaré Almeida de Souza
Co-autor(es): -
Orientador(a): Bruno Ribeiro Marques
Área temática: História e Política

A partir do Plano de Integração Nacional, a Ditadura Militar iniciava uma série de medidas para a ocupação da Amazônia. Nesse sentido se intensificou o rodoviarismo com a implantação da Perimetral Norte e da BR-307, ao mesmo tempo que se investia em projetos educacionais para os indígenas, com a justificativa de levar desenvolvimento econômico e segurança, entretanto esse processo teve como consequência a aculturação e destruição do modo de vida tradicional indígena. Assim, a pesquisa objetivou realizar um estudo investigativo sobre os projetos de desenvolvimentismo promovidos pela Ditadura Militar (1964-1985) na Amazônia, e como essa ação afetou a organização sociopolítica dos indígenas no Alto Rio Negro, sobretudo pela disputa territorial, causando flagelos e perseguições sobre os povos nativos da região, tendo em vista a complementação acerca da história indígena no período ditatorial, que ainda se mantém hegemonicamente relativizada. Ademais, se pautou discutir as continuidades desse regime na redemocratização, como o Projeto Calha Norte, demonstrando a existência da militarização que ainda persistiu nos programas políticos, assim como visou demonstrar as agências e resistências indígenas que se articularam em diferentes tipos de lutas contra o processo ditatorial e na reivindicação pela demarcação de seu território. Dessa maneira, as metodologias utilizadas para o auxílio e formulação dessa pesquisa partiram de uma revisão bibliográfica, e posteriormente se aplicou um levantamento documental, foram acessadas fontes como periódicos de jornais, e do CIMI que noticiavam tanto as construções das rodovias, os planos educacionais, as ações violentas contra os indígenas, mas também os levantes desses sujeitos históricos contra esse processo, outras fontes contempladas foram os relatórios disponibilizados pela CNV (Comissão Nacional da Verdade).  Os dados apreendidos foram estudados pelo viés qualitativo com a finalidade de complementação da temática e do estudo da figura indígena no período ditatorial. Os resultados dessa pesquisa apresentaram uma reflexão dos projetos desenvolvimentistas sobre a Amazônia que visavam a integração, e de que forma a  vida indígena foi afetada pela militarização do seu território, promovendo o deslocamento forçado e reforçando práticas educacionais com o intuito civilizador. Entretanto, mesmo com a reabertura política e a transição para a democracia, o militarismo se manteve presente, pois, no Projeto Calha Norte se sobressaíam muitas continuidades das ações militares. Nesse estudo se pode constar o protagonismo indígena, que de forma alguma foi um agente passivo das truculências ditatoriais, durante esse período emergiu das comunidades indígenas movimentos em prol da demarcação do seu território se opondo às medidas arbitrárias de redução das terras que habitavam. Como conclusão, após uma pesquisa intensa sobre o cotidiano rio negrino no período da ditadura se pode aprofundar o entendimento dos martírios causados pelos projetos políticos da Ditadura Militar aos indígenas e as suas ações de resistência na luta pelo território, e do debate do Projeto Calha Norte como uma herança da ditadura.

Palavras-chave: Desenvolvimentismo. Ditadura Militar. Indígenas. Território.

  1. João Marcelo cunha correia

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    Uma ótima pesquisa

  2. Adria Layanne Pereira Dias

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    O trabalho é muito interessante e pertinente. Existem poucos trabalhos que abordam as problemáticas causadas pela ditadura ao povo indígena no alto Rio Negro.

  3. Gabrielly

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    👏👏👏

  4. Erike Gomes Pacheco

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    Excelente contribuição à historiográfia do Alto Rio Negro

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