Entre certidões amareladas: aspectos da vida dos internos do Lazarópolis do Prata – Igarapé-Açú (PA)

Publicado em: 05/03/2024
Autor(a) principal: Autor não informado
Co-autor(es): -
Orientador(a): Jane Felipe Beltrão
Área temática: História da Saúde e das Doenças

O Lazarópolis do Prata, localizado na vila de Santo Antônio do Prata em Igarapé-Açú (PA), foi a primeira colônia agrícola para tratamento e isolamento de indivíduos acometidos pela hanseníase no século XX. Construído em 1923, foi um projeto do Serviço de Profilaxia da Lepra e antes de ser transformado em instituição de isolamento para hansenianos, segundo Dr. Heráclides César de Souza Araújo, diretor do Serviço de Saneamento Rural do Estado do Pará na época, a instituição era uma colônia correcional para indígenas (ARAÚJO, 1924). Nomeada de Lepra até 1960, a hanseníase é uma doença crônica infectocontagiosa que pode causar lesões cutâneas, perda de sensibilidade e, se tratada tardiamente, pode levar à perda de membros do corpo. A doença apresenta como agente causador o bacilo Mycobacterium leprae, nomeado dessa forma devido à descoberta do bacilo pelo médico Gerhard Armauer Hansen, em 1873. (EIDT, 2004, p.77). Segundo a OMS, o Brasil é o segundo país com mais casos da doença, considerada ainda hoje, portanto, endêmica (OMS, 2021). Considerando a história da doença, o presente trabalho aborda como os indivíduos e as famílias isoladas forçadamente no Lazarópolis do Prata eram tratadas e como organizavam-se socialmente enquanto internos da instituição. A pesquisa está sendo realizada a partir do exame dos Registros de Nascimento (cerca de 700 no total, do ano de 1925 a 1953) e dos Registros de Casamento (124 no total, do ano de 1954 a 1962) e as informações encontradas auxiliam na construção de uma base de dados com as anotações contidas nos registros. A base de dados contém categorias como nome, sexo, idade, familiares, data de nascimento/casamento, entre outras, realizando-se, portanto, uma abordagem quantitativa e qualitativa da documentação. O objetivo é cruzar, futuramente, as informações contidas nas certidões com prontuários que estão ao alcance para pesquisa. Até o momento, foram lidos e inseridos na base de dados mais de 400 documentos. A leitura dos registros permite verificar quem eram os indivíduos isolados, a constituição de suas famílias, para onde destinavam-se as crianças nascidas e as formas de resistência aos tratamentos que eram vítimas. Além disso, auxilia na compreensão das formas de organização social e parentesco vigente entre pessoas hansenianas e na criação de arranjos familiares dentro da instituição, buscando conhecer a interferência do Estado na vida cotidiana dos/as doentes em isolamento compulsório em Instituições Totais, sem chance de “alternativas outras” diferente do confinamento.

Palavras-chave: História da Hanseníase. Amazônia.

  1. Rodin Moura Miranda

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    Muito interessante o trabalho apresentado. A pesquisa apresenta enorme potencial de contribuição na área!

  2. Evelyn Arlinda A. de Carvalho

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    A apresentação está condizente com o resumo. Consegui identificar os aspectos principais da pesquisa, a organização das palavras no banner e na exposição se interligam perfeitamente. Parabéns, excelente!

  3. Calebe Sousa Ferreira Serra

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    Clareza na explanação da pesquisa, tanto no resumo quanto na apresentação presencial, a qual tive o prazer de ouvir. Investigação bem fundamentada, resultados relevantes. Demonstra domínio do referencial teórico-metodológico e das informações tangentes ao ensaio propriamente dito. O potencial da presente e das futuras contribuições do discente ao campo é promissor.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *