A navegação nos rios da Bacia Amazônica no século XIX assumiu lugar de destaque nas discussões entre os então chamados países ribeirinhos – região que a partir da metade do século XX passou a ser chamada de Pan Amazônia. A partir dessa perspectiva, o projeto busca compreender as relações diplomáticas relacionadas à segurança e à vigilância da Amazônia Internacional e os impactos nas relações locais de trabalho. Com inicial ênfase na relação diplomática entre Brasil e Colômbia nas águas amazônicas, buscou-se analisar a documentação proveniente do Archivo General de La Nación. Nesse sentido, a indicação de fontes encontradas aponta para uma série de documentos datilografados, os quais denunciam atividades ilícitas em território colombiano – a escravização de cidadãos por piratas brasileiros, sendo a principal delas. Tudo isso aponta para um fato que remonta a inserção dessas pessoas no trabalho escravo em terras amazônicas brasileiras, exatamente no mesmo período de apogeu da Borracha, também chamada de ouro negro. Por outro lado, os documentos também detalham as autoridades colombianas do período em acordo com a coerção de mão de obra indígena. Esses trabalhadores seriam cooptados para exercerem a atividade de extração de recursos naturais visados pelo grande capital na região entreposta do Rio Putumayo e Amazonas. No que diz respeito ao aporte teórico, tem-se o método de análise de fatos e fontes históricas fomentado por Thompson (1981), a compreensão da realidade econômica regional daquele momento com Moog (1975), os acordos de navegação nas fronteiras do Rio Amazonas analisados por Palm (2009) e por fim as relações de trabalho que se moldaram sobre a população indígena no período destacado segundo Henrique (2018). Portanto, compreender as relações diplomáticas relacionadas à segurança e vigilância da Amazônia Internacional é concomitante à compreensão das relações comerciais ilícitas e o mundo do trabalho existente nessa Amazônia de transição do Século XIX para o Século XX.
Palavras-chave: Amazônia. Navegação. Trabalho. Relações Diplomáticas.