Performances de masculinidades no Grindr: como as representações de homossexuais na mídia ao longo dos anos influenciam homens gays mesmo num espaço “seguro”

Publicado em: 06/03/2024
Autor(a) principal: Mateus Gonçalves Da Silva
Co-autor(es): -
Orientador(a): Décio de Alencar Guzmán
Área temática: História, gênero e abordagens anticoloniais

Este trabalho tem como objetivo compreender como os homens gays de Belém, usuários do aplicativo de relacionamento Grindr, expressam e reagem às performances de masculinidade, e qual a influência que as representações de homossoxuais nas midias nos ultimos anos, como filmes e séries, tem sob esses aspectos. O motivo do aplicativo ter sido escolhido é que atualmente é um dos principais meios de interação entre homens gays, sejam eles assumidos ou não, por conta da descrição, dispositivo de localização e praticidade. A base teórica para tal vem principalmente de autores como Judith Butler e sua compreensão do sexo e do gênero como constructos de uma perfomatividade imposta, e de Richard Miscokci e suas obras em torno do gênero e sexualidade, principalmente as focadas nas interações homossexuais dentro das redes sociais. As análises foram feitas a partir da coleta de perfis dos usuários do Grindr, com o foco para os nicknames, as tags e a descrição, que são as três áreas do perfil onde os utilizadores costumam expressar suas identidades e desejos; os comentários de youtubers gays sobre conversas, perfis e suas próprias experiências dentro do aplicativo; e do desenvolvimento de personagens homossexuais em obras dos últimos 20 anos e suas repercussões. Por meio disso, foi possível identificar o quanto os marcadores de gênero são presentes nas representações dos homens gays feitas nos nos meios televisivos, nas interações deles dentro do app e principalmente nas definições de si próprios em seus perfis, existindo quase uma obrigatoriedade diante deles de performarem um “eu” extremamente “masculino” e rejeitarem o que fugiria disso ou do contrário, de apresentarem muitas características definidas como femininas. Por exemplo, possuir uma voz fina, ser fisicamente mais “delicado”, fazer uso de maquiagem e de desejarem exclusivamente o primeiro tipo, não existindo em certo ponto um meio termo ou individualidades aceitáveis. Além disso, o quanto essas representações expostas nas mídias acabam impondo aos sujeitos homossexuais essas definições e as qualificando como padrões a serem seguidos, contribuindo para o comportamento deles no Grindr, que mesmo sendo um ambiente virtual tido pelos próprios como neutro, não escapa da necessidade deles de performar uma identidade que possa ser aceita pelos demais, o que também acaba gerando exclusão e preconceito entre os mesmos.

Palavras-chave: Gênero. Sexualidade. Grindr. Mídia. História Digital.

  1. Francilene do Rosário Castro Reis

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    Uma perspectiva nova e interessante no campo da história

  2. Beatriz Verício Miranda

    em resposta ao Trabalho

    8 de março de 2024

    A pesquisa é muito pertinente, achei de extrema importância para a comunidade LGBTQIA+ e para a historiografia. Gostaria de saber se a pesquisa possui ou possuirá um recorte racial, visto que homens negros perpassam por várias camadas de sofrimento e é atribuído à eles a masculinidade e hiperssexualização, para aprofundar os estudos sobre a temática. Parabéns pelo trabalho e agradeço!

    1. Mateus Gonçalves

      em resposta a Beatriz Verício Miranda

      8 de março de 2024

      Bom dia. Sim, prevejo que terá. Apesar de estar bem no começo, uma das primeiras coisas que notei foi essa questão, o recorte racial é um dos mais presentes no aplicativo

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