A agonia popular diante de uma nova forma de morrer: o caso Clara Nunes e a introdução das UTIs no Brasil

Autor(a) principal: Maria de Fátima Rocha da Fonseca
Co-autor(a): -

Em 1983, em decorrência de um choque anafilático durante uma cirurgia de varizes, a cantora Clara Nunes foi internada no CTI da Clínica São Vicente no Rio de Janeiro, onde permaneceu em coma durante 28 dias. Recém-implantados no país, os Centros de Terapia Intensiva e o aparato tecnológico utilizado nos mesmos, consistiam em um recurso médico praticamente desconhecido pela maior parte dos brasileiros como nos demonstra o caso Clara Nunes. Durante o período em que permaneceu internada com morte cerebral, causou estranheza aos amigos da cantora não apenas a impossibilidade de realização de visitas e até mesmo de intervenções religiosas no ambiente hospitalar. Por outro lado, milhares de brasileiros permaneceram em oração e enviaram para familiares objetos religiosos que poderiam auxiliar na recuperação da cantora. Fãs e amigos esperavam por um milagre enquanto os aparelhos hospitalares mantinham viva a cantora. O caso Clara Nunes para além de expor para milhares de brasileiros o que era um CTI, colocou também a sociedade diante de novas perspectivas diante da doença, da morte e do morrer.

 Palavras-chave: Clara Nunes. UTI. Hospitalização. Morte.