A questão ambiental e o fazer política no Mato Grosso no início do século XXI: a modernização sob o baluarte do agronegócio

Autor(a) principal: Suellen Cerqueira da Anunciação de Souza
Co-autor(a): -

A presente proposta de comunicação se trata da análise historiográfica realizada para produção da tese de doutoramento intitulada: A QUESTÃO AMBIENTAL E O FAZER POLÍTICA NO MATO GROSSO NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: a modernização sob o baluarte do agronegócio. Em nossa tese, to problema de pesquisa foi formulado a partir da observação da conjuntura política do início do século XXI, em que o debate sobre modernização e progresso do Mato Grosso retorna com outra roupagem, conforme a visão de Galleti (2012), é uma questão que remete ao crepúsculo dos oitocentos e atravessou o século XX, o estigma do atraso atribuído ao estado de Mato Grosso ao longo do século anterior ainda é um elemento utilizado para compor uma narrativa que subsidia projetos e empreendimento políticos que almejam “trazer” a modernidade para este território? Nessa direção, nosso objetivo central é analisar os discursos e ações do ex governador Blairo Maggi voltados para área ambiental em seus dois mandatos. Pretende-se ainda: investigar as permanências e mudanças nos discursos e nas ações do governador no decorrer dos seus dois mandatados; investigar o ideal de modernização presente nos discursos de Blairo Maggi, observando em que medida tais práticas discursivas tinham como premissa a modernização e desenvolvimento a partir do agronegócio e exploração dos recursos naturais da Amazônia Mato-grossense; compreender as lutas simbólicas envolvidas entre os agentes políticos no início do século XXI em torno da questão ambiental no estado de Mato Grosso; Sendo assim, nosso amparo teórico metodológico é a História do Tempo Presente. A História do Tempo Presente, apontando o retorno do político como renovação na produção historiográfica nos desafia a construir esta tese nos utilizando de suas interrogações metodológicas, e também como uma atitude política, cientes de que estamos em um momento em que diferentes narrativas desejam reescrever e apresentar o passado como estratégia para seus diferentes interesses que nem sempre estão comprometidos com “boas intenções”. Deste modo a História do Tempo Presente como possibilidade nesta pesquisa nos convoca a se posicionar no debate público de forma mais comprometida e demandada pelas questões do presente que envolvem a interação entre narrativa histórica e os fenômenos políticos contemporâneos, a partir da análise de eventos que têm relevância direta para as preocupações e desafios do presente, lembrando que o historiador de modo geral está sempre inclinado aos postulados de sua época (REMOND,1996). A História do Tempo Presente, ao se debruçar sobre os fenômenos políticos e ao presente nos oferta a possibilidade de uma análise social densa, e alarga as possibilidades de interpretação sobre o tempo vivido recente, em que o político passa por deslocamentos através de uma perspectiva analítica que não se reduz mais a uma concepção de Estado como única fonte legitima de poder. Outros atravessamentos existem, e no século XXI, as novas formas de se fazer política que se diluem no tecido social reorganizam e ilustram uma dimensão política que constitui tramas atravessadas por relações de poder inscritas no tempo presente, é o caso dos discursos e ações de agentes políticos sobre o meio ambiente. Não é novidade que os laços entre historiografia e política possuem uma longa trajetória, e no caso da historiografia produzida sobre política em Mato Grosso, nos interessam as reflexões sobre o campo político em um período mais recente. Ou seja, reflexões que se mostrem ampliadas, para além de uma História elitista e atrelada a parâmetros factuais.

 Palavras-chave: Modernização. Mato Grosso. Presente.