Atempo, narrativa e ética ambiental na escrita da história: o julgamento dos animais de Eduardo Campos

Autor(a) principal: Hugo Eduardo Damasceno Cavalcante
Co-autor(a): -

O presente trabalho objetiva refletir acerca da escrita da história de Eduardo Campos, intelectual cearense que se destacou com a publicação de dezenas de livros, seja na literatura, no teatro ou nos seus estudos históricos, folclóricos e culturais sobre o Ceará e o que se convencionou chamar de Nordeste. Em sua narrativa, Campos também estrutura a defesa de uma ética ambiental, com destaque em “A invenção do discurso ambiental” (1998). Por outro lado, a construção de uma ética ambiental insurge muitas décadas antes na peça infantil “O julgamento dos animais”, estreada em 1962. Apesar das muitas proximidades com a sátira de George Orwell, Animal Farm (1945), Eduardo Campos se apropria do cenário e da “revolução dos bichos” para construir uma ética ambiental pautada na moral. A violência contra os animais, desse modo, é incorporada no “Espírito-mau”, personagem responsável por influenciar o comportamento humano e, ao mesmo tempo, lhe eximir de sua responsabilidade com a natureza. A partir da linguagem teatral voltada para o público infantil, Eduardo Campos também tece sua representação de um mundo. A defesa de uma ética ambiental na peça não constitui, no entanto, uma emancipação com as formas de exploração da natureza. Temos como perspectiva de análise os campos da História Ambiental e da Zooliteratura, através das contribuições de Donald Woster (1991), Keith Thomas (2010), Dominick LaCapra (2023), Regina Horta Duarte (2019) e Maria Esther Maciel (2016, 2023).

 

Palavras-chave: Ética ambiental. Animalidade. Narrativa. Literatura. Eduardo Campos.